Este carro marcou época pelo conforto e por inaugurar a produção de carros de passeio da Ford brasileira. Na foto, um modelo de 1980, na cor Azul Clássico.
Lançado em 1967, o Galaxie marcou a inauguração da produção de carros de passeio da Ford no Brasil. Tinha dimensões avantajadas (5,30 m de comprimento, 2 m de largura e 3,02 m de distância entre-eixos), linhas retas e abusava dos cromados (assim vinham pára-choques, calotas, frisos, grade e retrovisores externos), seguindo as tendências daquela época. As lanternas traseiras eram retangulares e os faróis redondos. Era silencioso, espaçoso e bastante confortável, pois seis pessoas ficavam bem acomodadas em dois bancos inteiriços (o dianteiro com encosto fixo). O câmbio era manual de 3 velocidades e tinha alavanca na coluna, como nos Opala e Maverick que viriam em 1968 e 1973, respectivamente. Os instrumentos eram de escalas horizontais e tinham várias luzes-espia. Duas dessas luzes indicavam a temperatura do motor e outra sinalizava o uso do freio de estacionamento. Este, por sua vez, era acionado por um pedal e liberado por meio de uma alavanca. O aparelho de som não era transistorizado e havia ventilação forçada, item incomum nos carros daquela época. O porta-malas, embora raso, era espaçoso e acomodava o estepe na horizontal. A construção deste modelo de topo da Ford era sobre um chassi de longarinas, de desenho perimetral e não tipo escada. Esta solução não é mais usada, pois os carros atuais usam estrutura monobloco. Na mecânica, os freios eram a tambor na frente e atrás, a suspensão era de molas helicoidais, como convém a um confortável carro de luxo e o motor era um V8 de 4,5 litros, com 164 cv de potência e 33,4 mkgf de torque, o mesmo que equipava a F-100 e os caminhões. Mas seu peso elevado, de mais de 1,5 tonelada, limitava o desempenho, impondo velocidade máxima de 150 km/h e exigindo 15 s para cumprir a aceleração de 0 a 100 km/h. Mesmo assim, o Galaxie conquistou seu espaço graças as qualidades que tinha. A cada ano aumentavam as ofertas de equipamentos, consolidando a imagem de carro confortável deste Ford. Não teve nada de expressivo no ano seguinte. Em 1969, recebeu a versão LTD, com grade e frisos exclusivos, painel e portas com revestimentos em jacarandá, lampejador de farol alto, espelho de cortesia no pára-sol direito, retrovisores externos com comando interno, banco traseiro com apoio de braço central e teto com acabamento em vinil. O motor passava a ser de 4.8 litros, com 190 cv e 37 mkgf de torque, que lhe dava velocidade máxima de 160 km/h e aceleração de 0 a 100 em 13 s. O Galaxie inovou com a transmissão automática de 3 marchas Cruise-o-Matic, esta vinculada ao novo motor. A direção hidráulica se destacava pela leveza nas manobras e o ar-condicionado trazia evaporador, comandos e difusores de ar ainda sob o painel. Para 1970, o motor 4.8 podia equipar as versões de câmbio manual e foi apresentada a versão básica para enfrentar o Opala 3.8 e o Dodge Dart, então recém-lançado. Este acabamento não oferecia os itens das versões superiores. Na linha 1971, surgiu o Landau, mais sofisticado, que trazia calotas raiadas, teto de vinil, luzes de leitura e dois alto-falantes. Os bancos podiam ser em couro ou cetim, e o câmbio tinha as duas opções. O vidro traseiro era pequeno, dando mais privacidade aos ocupantes e lembrando a versão Conversível de Escort XR3 e Kadett GSi, que viriam em 1985 e 1991, nesta ordem. Os freios tinham servoassistência e nas demais versões eram melhorados, mas ainda eram a tambor. Para 1972, chegavam os freios dianteiros a disco, de eficiência e resistência a solicitação intensa superiores. Em 1973, grade, pára-lamas e lanternas traseiras foram reformulados e a versão básica deixou de existir. Nas linhas 1974 e 1975, a marca do oval azul não investiu no modelo e as vendas de carros grandes ficaram mais difíceis por conta da gasolina cara. Somente em 1976, este Ford voltou a receber investimentos: quatro faróis em linha horizontal, luzes de direção nas extremidades, grade de barras verticais e menor tamanho (o Galaxie 500 permaneceu com a de barras horizontais), a fixação da placa passou para o canto esquerdo do pára-choque e havia a oferta de lâmpadas halógenas como opcional. As lanternas traseiras eram segmentadas em três retângulos, mas as luzes de ré permaneciam no pára-choque. Essas mudanças de estilo davam mais imponência. A versão de topo era renomeada, passando a se chamar somente Landau. Na mecânica, várias evoluções bem-vindas: motor de 5 litros do Maverick oito cilindros, com 199 cv e 39,8 mkgf, para melhorar o desempenho, mas não ao ponto de se atingir altas velocidades e acelerações rápidas, como na versão GT do carro que lhe cedeu a unidade motriz. Chegaram as ofertas de pneus radiais 215/70-15 e duplo circuito de freios. Para 1977, nenhuma mudança relevante. Na linha 1978, as novidades eram volante com quatro raios, ignição eletrônica, ar-condicionado integrado ao painel, a opção da cor Prata Continental, o teto de vinil com pintura e a saída de cena do Galaxie 500. O Landau passou a ser disponível apenas com transmissão automática. No ano seguinte, nenhuma alteração relevante. Para 1980, a maior novidade na mecânica era a oferta do motor a álcool, comemorado por muitos consumidores por representar economia interessante ao abastecer o tanque avantajado, que tinha capacidade para 107 litros (pouco maior que o do Alfa TI), apesar do maior consumo com combustível de cana. Chegaram a opção da cor Azul Clássico (agora a principal opção de pintura), comando elétrico na abertura do porta-malas, barra estabilizadora traseira e cintos retráteis de dois pontos. Em 1981, mais evoluções: cintos de três pontos, novas pinças de freio e suspensão recalibrada. No ano seguinte, as novidades foram as luzes de ré integradas as lanternas e o fim do LTD. E em 1983, o Landau teve esse ano-modelo, mas foi descontinuado ainda no primeiro semestre, marcando o progressivo desaparecimento dos carros grandes e deixando saudades. A partir de então, os compradores de modelos deste porte ficariam apenas com duas opções, o Alfa Romeo e o Opala. Para muitos, o luxuoso Ford não tem sucessor. No dia 2 de abril do mesmo ano, a última unidade deixava a linha de montagem em São Bernardo do Campo(SP), totalizando 77.850 exemplares vendidos no mercado interno.
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