quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Kadett (1989 - 1998)

A campanha de lançamento do Kadett, em 1989: mostrava as primazias que o carro trazia. O médio da GM quebrou um jejum de cinco anos sem novidades na indústria automobilística nacional, uma vez que os últimos lançamentos anteriores a ele foram o compacto Uno, da Fiat, e o médio de luxo Santana, da Volkswagen, ambos apresentados em 1984.
O Kadett GS, um esportivo como não se vê mais hoje em dia: ótima estabilidade, bancos Recaro, painel completo, farol de neblina na frente e atrás e boa aerodinâmica, mas com visibilidade traseira sofrível.
O Kadett Turim, série especial lançada em 1990: era uma homenagem ao Mundial de Futebol disputado no mesmo ano na Itália. Tinha aerofólio e faixa lateral na cor cinza grafite, bancos Recaro na cor preta e rodas de alumínio usinadas. Mas com a ausência injustificável do limpador do vidro traseiro.
A campanha de 1991, quando o Kadett foi eleito Carro do Ano pela revista Auto Esporte.
Uma propaganda de 1991 do Kadett GS, homenageando o piloto Rubens Barrichello, campeão da Fórmula 3 inglesa daquele ano.

Um SL de 1992: tinha mais potência, tecnologia e desempenho graças a injeção monoponto, o que os concorrentes perdiam por conta do catalisador.
O saudoso GSi: tinha ignição mapeada (que o levava a 121 cv de potência), painel digital, antena no teto e suspensão com regulagem mais suave que a do GS.  
Uma atraente versão oferecida entre 1992 e 1994: a GSi Conversível, cuja produção durava seis meses e envolvia a Bertone italiana.
Também de 1992 é este SL/E (foto), que tinha como destaque técnico a injeção monoponto, para alimentar tanto os motores a gasolina como os movidos a álcool - este um pioneirismo da GM trazido pelo Kadett e também pelo Monza, com quem compartilha a mecânica. Além dos recursos tecnológicos, a versão de luxo do médio de nome militar tinha uma ampla oferta de itens de conforto: ar-condicionado, direção hidráulica, transmissão automática, volante de altura regulável, teto solar, travamento central das portas, retrovisores laterais e vidros com comando elétrico (estes últimos com retardo).
Um SL de 1993: mudou apenas em detalhes de acabamento. Os logotipos traseiros passaram para a parte de baixo da terceira porta ao lado da luz de ré, enquanto o emblema dianteiro, o volante e as rodas eram padronizados com o Monza. 
A série especial Lite, de 1994: tinha acabamento mais despojado. Note a ausência dos frisos laterais. Este Kadett foi lançado como uma espécie de tapa-buraco, para suprir temporariamente a lacuna deixada pelo velho Chevette, descontinuado no ano anterior.

Duas fases do Kadett GL: acima, um modelo de 1994, ainda fabricado em São José dos Campos(SP); abaixo, um de 1995 fabricado em São Caetano do Sul(SP). As diferenças entre os dois são o friso lateral, as cores externas, a oferta opcional do motor 2.0 e de alguns itens dos GLS, GSi e Conversível, que foram abandonados.
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A linha 1995 teve duas fases: a primeira, lançada em maio de 1994, tinha os mesmos acabamentos GL, GLS (foto) e GSi - este com opções de teto de aço e Conversível, ainda feita em São José dos Campos, no interior paulista; a segunda veio em novembro seguinte, com um enxugamento da linha, uma vez que os mais caros deram adeus ao mercado, e por isso não chegaram ao ano de fabricação seguinte. Só o GL permanecia, agora fabricado em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo. A mudança foi para abrir espaço ao Corsa. No lugar das versões superiores, a GM importou o Astra GLS da Bélgica.
O Kadett Sport: lançado em meados de 1995 como série especial, mas devido ao seu sucesso virou carro de linha. Apesar de detalhes como a dupla bancos/rodas esportivos, as saídas de ar no capô, o escapamento com dupla ponteira e o trio aerofólio/pára-choques/retrovisores na cor do carro, este Kadett é um falso esportivo como o Escort Racer que viria para o ano seguinte, pois não haviam os requintes de acabamento nem os recursos tecnológicos que o GSi oferecia, e o motor era 2.0 a injeção monoponto, o mesmo do GL e dos Monza. 
Um Kadett GL de 1996: mudou em detalhes de acabamento internos e externos. Por fora, grade de dois segmentos (lembrando os modelos da Opel alemã), lanternas traseiras em tom fumê, plástico da fechadura do porta-malas tomando toda a largura, lanternas direcionais dianteiras incolores e letreiros cromados. Internamente, os bancos eram os mesmos do Corsa Wind (com encostos de cabeça inteiriços), e as portas eram revestidas de plástico injetado, um lamentável rebaixamento de qualidade.
A campanha de 1997 anunciava a oferta da injeção multiponto no motor 2.0, agora o mesmo do Vectra e com componentes nacionais, no lugar dos anteriores com injeção monoponto. Os 121 cv de Kadett GSi e Monza Classic viraram passado, e eram obtidos com componentes importados.
Duas fases do Kadett GLS: na foto de cima, um modelo de 1994 com motorização 1.8, que oferecia interior agradável e tinha muitos opcionais interessantes; na de baixo, um modelo de despedida, de 1998, com a unidade de 2 litros, câmbio com relações de marcha curtas, faróis de neblina, estofamento do Monza GLS, aerofólio/pára-choques/grade/retrovisores/borrachões laterais pintados e rodas aro 14 com pneus 185/65.
Uma campanha de 1998, o ano em que o Kadett deixou o mercado brasileiro.
A última unidade do médio-pequeno da General Motors, fabricada no dia 16 de setembro de 1998.



O Kadett foi lançado em abril de 1989 para representar a General Motors no segmento dos modelos médio-pequenos e no dos esportivos, e a origem do seu nome é a palavra alemã que designa uma patente militar. Trouxe modernidade e boa aerodinâmica, com Cx de 0,30. Vinha em acabamentos SL, SL/E e GS, trazia vidros rentes a carroceria (novidade nacional naquela época) e marcou por quebrar um jejum de cinco anos sem novidades na indústria automobilística brasileira, uma vez que os últimos lançamentos anteriores realmente novos foram o Uno e o Santana, apresentados em 1984. Nos três o trem de força era o mesmo do Monza, com o 1.8 equipando o de entrada e o de luxo, tanto a álcool como a gasolina, e o 2.0 equipando o esportivo e somente a combustível de cana. Oferecia diversos itens de conforto e conveniência, e itens interessantes como check-control, computador de bordo e sistema pneumático de regulagem de altura da suspensão traseira, calibrado em postos como um pneu e que seria oferecido posteriormente nas peruas Ipanema e Suprema, além de farol de neblina traseiro de cor vermelha (como no Monza Classic) e saídas de ar no capô, estes últimos exclusivos do GS, no qual o escapamento tinha ponteira dupla. A GM pagou o preço da aerodinâmica com uma péssima visibilidade traseira, uma vez que tinha colunas muito largas e o vidro traseiro era excessivamente inclinado, formando pontos cegos na hora das manobras. Este problema se agravava nos modelos esportivos devido a presença do aerofólio. Outro diferencial técnico estava no câmbio, também o mesmo do Monza, com marchas longas no SL e no SL/E, e no GS as marchas eram bem curtas. Neste a quinta marcha correspondia a quarta do SL/E (0,89:1), a estabilidade era referência, auxiliada por pneus 185/60-14 (165/80-13 nos outros dois), e a suspensão se diferenciava por ter batentes de compressão mais altos e barra estabilizadora mais grossa, como no Monza S/R. Mas neste os pneus eram 195/60-14. O quadro de instrumentos das três versões era totalmente distinto: o do SL tinha só os essenciais, o do SL/E adicionava conta-giros e o do GS tinha seis instrumentos, como nos Monza SL/E e Classic. Só os dois superiores tinham hodômetro parcial. O esportivo tinha volante de três raios, enquanto o dos outros dois era de dois raios em “V” invertido. O tanque de combustível, com capacidade para 47 litros, também era alvo de críticas, pois limitava a autonomia e exigia mais paradas para reabastecer, sobretudo nos modelos a combustível vegetal. Este problema era crônico no GS, a exemplo da visibilidade traseira. Para 1990, nada mudou. Foi oferecida a série especial Turim, homenagem ao Campeonato Mundial de futebol do mesmo ano, sediado na Itália. Vinha na cor prata, com aerofólio traseiro em preto-fosco, rodas de alumínio do SL/E usinadas, bancos Recaro e o logotipo “KADETT TURIM” em uma larga faixa cinza-grafite abaixo do friso lateral. O GS agora podia ser comprado também a gasolina, devido a crise no abastecimento do álcool, e os pneus mudaram para 185/65-14. Com isso, o diferencial ficou mais longo, o que limitou o desempenho como o motor a combustível de petróleo, menos potente. Neste ano, o médio da GM foi o carro oficial do GP do Brasil de Fórmula 1, como ocorrera com o Chevette em 1975 e ocorreria em 1991 com a Ipanema. Nesta linha, chegaram as opções de teto solar (para as duas versões superiores) e da cor Amarelo Elbrus (somente para o esportivo). O Kadett foi eleito o Carro do Ano pela revista Auto Esporte e em novembro atingiu a marca de 100.000 exemplares produzidos. Na linha 1992, o médio da General Motors foi, ao lado do Monza, o primeiro a unir injeção eletrônica e combustível vegetal - um ponto forte em inovação tecnológica. As novidades foram: encostos de cabeça vazados, uma luz no painel que indicava o momento de passar as marchas, injeção monoponto para as versões básica e de luxo, tanto a álcool como a gasolina, ampliando o rendimento - 99 cv com o combustível de cana e 98 cv com o de petróleo; o GS ganhava injeção multiponto e ignição mapeada, com o que passava a 121 cv e era renomeado GSi. Neste, havia painel digital opcional (o mesmo do Monza Classic), as rodas foram redesenhadas e os amortecedores agora eram pressurizados. Não havia catalisador, com o que a concorrência e as linhas Chevette e Opala perdiam potência. A pintura preta entre as lanternas traseiras, igual a que era oferecida nas versões de luxo do carro de entrada da GM, desaparecia. Os letreiros traseiros passaram a ser nos cantos superiores da porta traseira, acima das lanternas (exceto no SL e no SL/E, que permanecia ao lado da fechadura do porta-malas). Chegava também a opção Conversível, que tinha capota bem-acabada, com bom isolamento termoacústico, mas ainda de acionamento manual, que reduzia a capacidade do porta-malas para 290 litros (com teto de aço tinha 390 litros). Este Kadett só tinha como concorrente nacional o Escort XR3 Conversível, que já oferecia a capota de acionamento elétrico (os demais concorrentes eram importados), e vinha com assinatura do estúdio de design italiano Bertone. A General Motors enviava assoalho e parte dianteira nacionais para a Itália, que depois retornavam ao Brasil para receber mecânica e pintura. Os vidros da marca PPG e as lanternas vinham da Alemanha. Sua produção levava seis meses e o preço final era altíssimo. As mudanças em relação a versão com teto de aço resultavam num aumento de peso de 40 kg. Para 1993, mudou pouco: nos acabamentos SL e SL/E a gravatinha branca sobre a grade desaparecia e dava lugar a placa redonda de fundo preto com o logotipo da Chevrolet em prata, no capô - padronização com as linhas Monza e Omega. Volante e rodas passaram a ser os mesmos do sedã médio das versões mencionadas, e os logotipos traseiros “1.8 EFI” e “CHEVROLET” passaram para a parte de baixo da porta traseira, ao lado das luzes de ré. Chegavam as ofertas de freios a disco nas quatro rodas no de luxo, no esportivo e no Conversível e de sistema antitravamento (ABS) só nos dois últimos. O acabamento básico ganhou carpete na parte posterior dos bancos dianteiros no lugar do vinil. Foi oferecida uma conversão das versões a álcool para gás natural, então restrito aos frotistas e taxistas. A alimentação do gás era por injeção multiponto, enquanto a do combustível líquido permaneceu com a monopontoPara 1994, a nomenclatura da linha foi alterada – de SL e SL/E para GL e GLS, padronização com Omega e Vectra que também foi aplicada ao Monza. O GSi e o Conversível permaneciam. Toda a linha vinha agora com novos volantes - com dois raios para o básico e o de luxo e três para o esportivo. Os letreiros traseiros “KADETT GL” e “KADETT GLS” passaram a ser acima das lanternas traseiras, como no GSi, e o logotipo “1.8 EFI” mudou para a porta. O tanque de combustível aumentou para 60 litros, mudança bem-vinda que permitia maior autonomia. Foi oferecida a série especial Lite, com acabamento despojado e sem frisos laterais - uma espécie de tapa-buraco, pois a marca da gravata estava sem representante no segmento de entrada em razão da descontinuação do Chevette, e o Corsa Wind só viria em fevereiro do mesmo ano. Em maio seguinte, a GM lançava precocemente a linha 1995, mas com evoluções: novo painel, nova tampa do porta-luvas, que nos modelos até 1994, era alvo de críticas por ser enorme, excessivamente inclinada, precisava de fortes pancadas para ser fechada e não parava no lugar, alarme acionado pela fechadura (até o ano anterior era acionado por ímã no pára-brisa), opção de ar-condicionado para o acabamento GL, novos bancos dianteiros e comando dos vidros elétricos na porta (em vez do console central que persistiu nos Omega, Vectra e Monza), além da há muito solicitada capota elétrica no Conversível. Em outubro, a produção do hatch foi transferida de São José dos Campos para São Caetano do Sul para abrir espaço ao então recém-lançado Corsa, e os três mais caros foram definitivamente extintos, assim como a Ipanema GLS. Para o lugar destes, a General Motors importava da Bélgica o Astra GLS, com motor 2.0 a injeção multiponto, o mesmo dos Vectra GLS e CD. O Kadett GL permanecia e ganhava alguns itens das finadas versões superiores, motorização de 2 litros, freios traseiros a disco e transmissão automática opcionalmente, novas opções de cores e borrachão lateral mais estreito. A caixa de câmbio mudou, a exemplo do que ocorreu com o Monza, com quem a compartilhava. Agora as relações de 1ª, 4ª e 5ª marchas eram mais curtas (3,58, 0,92 e 0,74, na ordem) e 2ª, 3ª e diferencial mais longos (respectivamente 1,87, 1,23 e 3,94), enquanto a ré permaneceu com a mesma relação que tinha com a caixa antiga (3,33). Em meados deste ano, era lançada a série especial Sport, com saídas de ar no capô, rodas e aerofólio do GSi, mas sem os requintes de acabamento e os recursos técnicos da extinta versão. A mecânica era 2.0, mas a injeção monoponto. Ainda neste ano, os encostos de cabeça passaram a ser inteiriços e fixos - o que ocorreria a partir de 1997 com o Corsa Wind. Os pneus do GL finalmente mudaram para 185/70-13, mais adequados a seu porte, uma vez que os anteriores 165/80 são estreitos e comprometem a segurança e a dirigibilidade. Em 1996, o carro permaneceu mudando pouco: o plástico que envolve a fechadura do porta-malas era maior e mais largo, tomando toda a largura da porta traseira, a luz de troca de marchas foi abolida, chegavam volante de três raios do Vectra, para-choques pintados na cor do carro, lanternas traseiras em tom fumê, piscas dianteiros incolores, emblemas externos cromados, novo pára-choque dianteiro e nova grade dianteira com dois grandes vãos e o grande logotipo cromado lembrando os modelos da Opel. O Sport, lançado no ano anterior como série especial, foi incorporado a linha e ganhou as rodas de liga usinadas que equiparam o Monza GLS no ano anterior - o sedã passou a usar as do GSi. Para 1997, pouco mudou: novas rodas em aço estampado e de alumínio (estas opcionais), o logotipo da cilindrada foi para a parte superior direita da porta traseira e o da versão passou para as portas laterais. Já o motor 1.8 desaparecia, permanecendo somente o 2.0, agora com injeção multiponto e potência de 110 cv – o mesmo de alto torque dos então recém-lançados Vectra GL e GLS e equipado com componentes nacionais, ao contrário da unidade do Kadett GSi, que rendia 121 cv com peças importadas. A mudança foi feita para atender as normas antipoluição que passaram a vigorar em 1º de janeiro, a exemplo da introdução do catalisador, inexistente até o ano anterior. Em abril, a versão GLS retornava no lugar do Sport. Um novo câmbio com marchas mais curtas chegava, atendendo com oito anos de atraso as reclamações de que os anteriores eram muito longos. As retomadas melhoraram, mas ao custo de um nível de ruído mais alto em velocidades de viagem. Em 1998, seu derradeiro ano de vida, o Kadett seguiu mudando pouco: o logotipo da versão voltava para a porta traseira ao lado do logotipo do carro, como nos modelos de 1994 a 1996, e o modelo regresso ganhava aerofólio, como no já saudoso esportivo GSi. Ainda no primeiro semestre, o acabamento básico deixava de existir, ficando o GLS como única opção e no segundo semestre, a carreira do médio de nome militar chegava ao fim aos nove anos, totalizando 459.068 unidades vendidas. No dia 16 de setembro do mesmo ano, o último exemplar deixou a linha de montagem da General Motors em São Caetano do Sul(SP).

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