quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Passat (1974 - 1988)

A versão de 3 portas: apesar de trazer mais conveniência e praticidade para quem transportava objetos volumosos e pesados, foi rejeitada por muitos, pois este Passat era mais barulhento, devido a regulagem firme da suspensão aliada a porta traseira.

As séries especiais, de cima para baixo: 4M (de 1977); Surf (1978); Especial (1981); Sport, Plus e Carro do Mês (1984); e Flash (1987).
O Passat TS, referência nos anos 1970: tinha motor 1.6 e agradou muito aos clientes mais arrojados, que optavam por versões esportivas. Não fazia feio diante de carros mais potentes.
As duas vezes que o Passat foi eleito o Carro do Ano pela revista Auto Esporte, em 1975 (acima) e em 1980 (abaixo).
O Passat agradou muito por ser confortável, eficiente e robusto. Marcou por ser o primeiro Volkswagen refrigerado a água e por trazer diversos refinamentos técnicos. Na foto, a versão LSE de 4 portas, que foi exportada para o Iraque.
Um GL de 1987: apesar das qualidades que o consagraram e de ser equipado com o excelente motor AP-1600, as vendas estavam em queda, o que deveu-se ao fato de que o médio da marca alemã não aguentou a concorrência com os Ford Corcel II e Del Rey e principalmente com o Monza, além dos conflitos com Gol e Santana. 

Um GTS Pointer de 1988, seu último ano: desempenho e estabilidade que eram dos melhores, assim como os engates das marchas. Mas não tinha direção hidráulica e comando elétrico de vidros, retrovisores externos e trava central nem como opcionais, o que denunciava desinteresse da Volkswagen. No fim do mesmo ano, o Passat, apesar das qualidades e de ser um modelo consagrado, deu adeus e deixou saudades.


Lançado em 1974, o Passat marcou época por ser o primeiro Volkswagen brasileiro com tração dianteira e motor refrigerado a água, num tempo em que os demais modelos da montadora de Wolfsburg eram tudo atrás com refrigeração a ar. A origem de seu nome é um vento que sopra na Europa. O Passat trouxe a modernização para a linha Volkswagen, tanto estilisticamente como mecanicamente. Outra inovação técnica trazida por este médio foram os freios com circuito em diagonal. Vinha em dois acabamentos (L e LS) e esbanjava modernidade. Era 12 cm mais longo que o Fusca e oferecia espaço interno muito superior. Muitos logo notaram os bancos dianteiros mais baixos do que o normal, feitos para alemães de 1,90 m, que em pouco tempo foram levantados pela fábrica para ficarem adequados à estatura média dos brasileiros. O Passat chegou a ser chamado de anti-Volkswagen, uma vez que o conjunto mecânico era totalmente novo e diferente do restante da linha, que usava motorizações refrigeradas a ar. Trazia um motor de 1.5 litro dianteiro, em posição longitudinal com quatro cilindros inclinados em linha, arrefecimento a água com circuito selado (sistema inaugurado pelo Corcel) e comando de válvulas acionado por correia dentada (sistema inaugurado pelo Chevette). O radiador era instalado a esquerda do motor, o que permitia o uso de ventilador acionado por motor elétrico, item inédito em um carro nacional até então, bem como juntas homocinéticas, raio de rolagem negativo, freios com circuito em diagonal e fecho duplo do capô. O médio da VW era estável, tinha bom desempenho - velocidade máxima de 150 km/h e aceleração de 0 a 100 km/h em 17 s e trazia coluna de direção deformável, que permitia amenizar o impacto do motorista contra o volante em caso de acidente. Mas ainda faltava o servo-freio, que não era disponível nem como opcional, o que aumentava o esforço ao acionar o pedal e gerou reclamações dos compradores. Outra deficiência, mas que demorou a ser corrigida era em relação a seleção de marcha, em que os usuários engatavam a ré por engano, causando pequenos acidentes nas saídas de semáforos. Em 1975, chegavam o servo-freio de série, a versão 4 portas e a oferta de ar-condicionado, antes restrita a carros de luxo. Neste ano, o Passat foi eleito o carro do ano pela revista AutoEsporte, e repetiu o feito em 1980. Para 1976, chegava a versão TS, com motor 1.6 de 80 cv, para atender os fãs de carros esportivos. Tinha uma ótima estabilidade, a velocidade máxima era de 160 km/h e para acelerar de 0 a 100 bastavam 14 s. Por dentro havia conta-giros, um grande volante esportivo de três raios de metal com furos e bancos reclináveis com encosto integral para a cabeça. No console tinha manômetro de óleo, voltímetro e relógio analógico. Os pneus eram 175/70-13, o carburador Solex duplo progressivo era importado da matriz na Alemanha (com depressão em vez de abertura mecânica) e o coletor de escapamento era duplo. Fez muito sucesso e enfrentava carros de porte e cilindrada maiores, como Opala 2.5 e Maverick 2.3. Por fora, trazia quatro faróis redondos, em esquema de quatro altos e dois baixos, e uma faixa preta que vinha do pára-lama dianteiro, ficando mais larga à medida que corria a carroceria e se elevando até a coluna traseira. O logotipo TS ficava no topo. Na mesma época chegava a versão de três portas, que foi rejeitada por muitos por ser barulhenta, mas era mais prática e conveniente para o transporte de cargas volumosas e pesadas. Em 1977, foi oferecida a série especial 4M, marcando os 4 milhões de veículos produzidos pela Volkswagen no Brasil. Na linha 1978 chegava o acabamento LSE, que tinha quatro faróis redondos e a mesma mecânica do TS, mas seu desempenho era inferior por causa do ar-condicionado. Por dentro, tinha encostos de cabeça e apoio de braço central no banco traseiro e estofamento mais refinado. Todos os vidros eram esverdeados. A suspensão também foi alterada para trazer mais conforto: ficou menos dura, mas não comprometeu a estabilidade. Na mesma época as dificuldades de engate de marcha eram sanadas com louvor, tornando o Passat referência nesse quesito. Foi apresentada na mesma linha a série especial Surf, que tinha o logotipo na grade dianteira e interior com padronagem exclusiva. O Corcel mudou para a segunda geração. No ano seguinte, vinha a primeira mudança de estilo: faróis retangulares, ponteiras nos pára-choques, grade preta com frisos horizontais cromados ladeando o emblema VW como no Brasília e luzes direcionais nas extremidades em tom âmbar. No TS havia pequena faixa preta sob os vidros laterais e o logotipo da versão no pára-lama dianteiro, acima do novo friso de borracha que percorria toda a lateral. As lanternas traseiras eram novas. Ambos os motores, 1.5 e 1.6, podiam agora vir movidos a álcool, o que melhorava velocidade máxima e aceleração. Mas o fecho duplo do capô foi abandonado, uma pena. O Passat foi o segundo carro brasileiro movido a combustível de cana, precedido apenas pelo Fiat 147 1.3, apelidado de Cachacinha devido ao odor característico. Embora consolidado no mercado, o modelo da marca de Wolfsburg começou a sentir no início dos anos 80 a chegada dos concorrentes, entre eles Corcel ll, Del Rey e principalmente o Monza, que se tornaria mais tarde fenômeno de vendas. No primeiro ano da mencionada década, o carro da VW obteve sua melhor colocação em vendas, o vice-campeonato - perdendo somente para o Fusca. Em 1981, foi oferecido o Passat Série Especial, que vinha nas cores Cinza Prata ou Verde Mármore, ambas metálicas, e oferecia calotas parciais, cintos dianteiros auto-enroláveis, acabamento em tecido navalhado, porta-malas carpetado, aquecimento interno, pára-choques pintados com ponteira sanfonada, faróis halógenos, ponteira do escapamento cromada, rádio/toca-fitas, desembaçador traseiro e vidros verdes. Não teve mudanças para 1982. No mesmo ano, o médio da Volkswagen ganhou um concorrente de peso, o Monza. Na linha 1983, vinham nova frente com quatro faróis retangulares em molduras espelhadas, luzes de direção voltando ao pára-choque, grade de perfil mais baixo e refletores nas extremidades dianteiras. Na mecânica, as novidades eram o motor MD 270 e o câmbio 3+E, que se diferenciava do tradicional por ter o efeito overdrive, proporcionando mais economia. A nova motorização tinha maior taxa de compressão, novo comando de válvulas, ignição eletrônica de série, carburador de corpo duplo, filtro de ar com válvula termopneumática, retorno de combustível e pistões de liga mais leve, resultando em melhor desempenho e menor consumo. A transmissão recebia melhoramentos e passava a dispensar a troca de seu óleo por toda a vida útil do veículo, como no adversário da marca da gravata e no Gol. Em todas as versões o motor passava a ser 1.6, representando uma padronização com os mais recentes Voyage e Parati. Neste ano, a capacidade do tanque de combustível passou de 45 para 60 litros, solução bem-vinda para ampliar a autonomia em um tempo que os postos ficavam fechados nos fins de semana e das 8 da noite as 6 da manhã nos dias úteis. Foi oferecido o acabamento de luxo GLS, mas que só durou este ano-modelo. Para 1984, quando o Passat comemorou 10 anos de vida, a nomenclatura das versões passou a ser Special, LS, LSE e GTS. Este último vinha com o mesmo motor 1.8 do Gol GT, com comando de válvulas mais bravo (ao contrário do Santana, que tinha comando manso), e agradou em cheio por reunir conforto, bom desempenho e durabilidade em um só carro. Tinha rodas aro 14 com pneus 185/60 como no irmão menor, ante rodas aro 13 e pneus 175/70 do restante da linha, a tradicional boa estabilidade e vinha equipado com vidros verdes, pára-brisa com faixa degradê, encostos de cabeça para quatro ocupantes, descanso de braço no banco traseiro e bancos dianteiros Recaro com regulagem de altura e contorno envolvente. Como opcional havia teto solar, e o volante deste Passat era o quatro-bolas. Foram oferecidas as séries especiais Sport, Carro do Mês (com motor 1.6), e Plus, com a unidade de 1.8 litro. A primeira vinha com teto solar, volante esportivo, rodas de alumínio, frisos vermelhos nas molduras laterais, conta-giros e bancos Recaro. A segunda era basicamente um Special com rodas de alumínio e pintura metálica. Foi criada para desovar acessórios equipando um modelo mais despojado. A última tinha rodas de aço estampado com supercalotas, duas opções de pintura metálica (azul e prata), pára-brisa degradê e bancos especiais com estofamento também azul. A situação do médio da marca do carro do povo ficou apertada, pois o concorrente da General Motors surpreendeu ao ser o campeão de vendas daquele ano, com 70.577 unidades comercializadas. Na linha 1985, desaparecia o três portas e chegavam pára-choques envolventes em plástico injetado, novo painel, lanternas traseiras frisadas, termômetro de óleo no console do GTS e câmbio de 5 marchas, que os mais recentes Monza, Corcel ll e Del Rey já ofereciam. Neste ano a versão LSE começou a ser exportada para o Iraque. O carro da marca alemã passou mais um ano de sufoco, pois o rival da GM sagrou-se bicampeão de vendas ao fechar o ano com 75.240 exemplares negociados. Para 1986, o Passat recebia os motores AP-1600 (1.6) e AP-1800S (1.8), com bielas mais longas que davam funcionamento suave e eliminavam as vibrações. A versão esportiva ganhava mais um concorrente, o Monza S/R, capaz de lhe fazer frente apesar de ser mais pesado. O Gol GT podia enfrentá-lo de igual para igual, e o Escort XR3 ficava em desvantagem em desempenho, o que se deve ao motor de menor cilindrada e já defasado tecnicamente. Mas tinha um bom desempenho, com velocidade máxima de 175 km/h e aceleração de 0 a 100 km/h em 11 s e a mesma boa estabilidade de sempre. Só faziam falta os comandos elétricos de vidros, travas e retrovisores, não disponíveis nem como opcionais. Novidade do LS era o volante com quase 40 cm de diâmetro, bem ao jeito dos alemães, mas que facilitava a leitura dos instrumentos e dava mais leveza nas manobras. A concorrência do segmento médio se tornou cada vez mais feroz. Neste mesmo ano, o Corcel saiu de linha e o domínio avassalador da GM se repetiu, uma vez que o Monza conquistou pelo terceiro ano consecutivo o troféu de carro nacional mais vendido, com 81.960 unidades. Mas o Volkswagen obteve uma notável recuperação, ao fechar o ano em 6º lugar, o que nunca mais se repetiria. Em 1987, o acabamento LS era renomeado GL, e o GTS ganhava um novo adversário, o Uno 1.5 R, que também tinha um desempenho muito inferior devido a mecânica mais modesta, como na versão esportiva do Escort. O rival da Ford, descontinuado no ano anterior, foi substituído pelo Del Rey L, mais despojado. Foi oferecida na mesma época a última série especial, a Flash, com motor 1.8, rodas de aço com supercalotas, bancos em tecido tear com o logotipo da versão, filetes adesivos laterais, volante de quatro raios, vidros verdes com pára-brisa degradê, relógio digital, conta-giros, alavanca de mudanças igual a do esportivo e duas opções de pintura externa: Vermelho Royal e Branco Alpino. Nos dois últimos anos, as vendas do Passat estavam caindo, e a Volkswagen parou de investir no carro, dedicando as atenções para a família BX (Gol/Voyage/Parati/Saveiro) e para a linha de luxo (Santana/Quantum), porém não foi somente o desinteresse da marca de Wolfsburg e o conflito com as linhas Gol e Santana que significaram a decadência do médio da marca alemã. A concorrência com a dupla da marca do oval azul (Corcel ll e Del Rey), e principalmente com o Monza lhe tiraram mercado, pois o carro da General Motors surpreendeu ao ser tricampeão de vendas (1984/85/86). Em 1988, o seu derradeiro ano, as poucas novidades foram o novo volante para o GTS e as novas rodas de alumínio (opcionais) para o GL. Aquele não tinha direção hidráulica e controle elétrico de vidros, retrovisores e trava central nem como opcionais, e este só podia ser comprado sob encomenda e com espera de seis meses. No final do mesmo ano, com as vendas baixas, divulgação tímida e com vários itens de segurança e de conforto e conveniência ausentes, o Passat se retirou de cena, deixando saudades. A última unidade deixou a linha de montagem da Volkswagen em São Bernardo do Campo(SP) no dia 2 de dezembro.

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