Este compacto da Volkswagen marcou época e foi imortalizado na memória do povo pela música Pelados em Santos, da saudosa banda Mamonas Assassinas. Na foto acima, o modelo de 5 portas, de pouco êxito, e na de baixo o da canção.
Lançado em 1973, o Brasília
era um modelo pequeno e seu nome foi escolhido com base na capital brasileira. Chegou ao
mesmo tempo que o seu concorrente da General Motors, o Chevette. Na mesma época, também estreavam no mercado o Dodge 1800 e o Maverick, que eram carros de porte
e segmento superiores, sendo o Chrysler no segmento médio e o Ford no dos grandes. Se destacava por ser fácil de manobrar, ágil no
trânsito, funcional, econômico (fazia até 14 km/l) e confortável, e também por
trazer modernidade para a época. Era mais curto que o Fusca, pois media 4,01 m
ante 4,18 m, mas aproveitou deste a mecânica e a plataforma, conservando a distância
entre-eixos de 2,40 m. Porém, tinha chassi-plataforma mais largo que no velho modelo, e
as bitolas também eram mais largas. Como utilitários pagavam menos impostos e o
carrinho tem a terceira porta, a Volkswagen o classificou como perua para se
encaixar na faixa de menor tributação - daí ser conhecido como "a Brasília" pela maioria. Apesar da estratégia mercadológica
adotada pela marca alemã, o Brasília é um automóvel hatch de dois volumes, como
Gol, Uno, Ka e Celta. Os
quatro faróis dianteiros eram redondos, num esquema de quatro fachos altos e dois baixos, e as luzes de direção eram
no pára-choque, como no Passat e na versão GLS do Santana de primeira geração. O
motor de 60 cv era refrigerado por entradas de ar abaixo do vidro lateral
traseiro, e o escapamento tinha saída única voltada para a esquerda. O
porta-malas era na frente, mas o espaço para as bagagens não era dos melhores. O
acabamento interno era simples, e a instrumentação tinha velocímetro, marcador de
combustível e relógio, este opcional. A posição das marchas, em vez de ser na alavanca
de câmbio, ficava na tampa do cinzeiro, e foi tornada obrigatória nos carros naquela época. O
compacto também se destacou pelo bom desempenho em pisos de pouca aderência
devido a tração traseira, que o adversário da GM também oferecia, mas com sistema diferente. A turbina de refrigeração do motor era alta para reduzir
custos e tornar o comprimento menor. O desempenho era modesto, com
velocidade final de 132 km/h e aceleração de 0 a 100 km/h em 23 s. Uma
deficiência crônica que o compacto da Volks apresentava era a saída de traseira nas
curvas, que foi amenizada pela barra compensadora traseira. A linha 1974 marcou pela introdução opcional da dupla carburação e do volante "canoa". Para 1975, as lanternas direcionais passaram a ser vermelhas, o VW do emblema traseiro desapareceu, a grade do escapamento foi substituída por uma maior, a bomba do lavador do pára-brisa se mudou para a caixa de roda e o pisca-alerta virou item de série. No mesmo ano foram produzidos 126.000 exemplares. Em 1976, a dupla carburação assumiu a liderança na linha, melhorando desempenho e consumo, mas ao custo de um nível de ruído muito alto, que
incomodava mesmo em versões com melhor isolamento acústico. A opção por um carburador durou mais alguns meses e logo deixou de existir. Neste ano, o Brasília ganhava
mais um concorrente, o Fiat 147, que marcou o início da produção da marca
italiana no Brasil. Chegavam melhorias no
acabamento: porta-luvas com tampa, apliques imitando madeira no painel, duas opções de cor interior (vermelho e marrom escuro) e nova
padronagem do revestimento dos bancos. No ano seguinte, vinha um acelerador
de duplo estágio, que era duro e causava dores na perna direita. A mola foi
retirada por muitos usuários por conta de seu mau funcionamento. Esta foi a
solução que a marca do carro do povo encontrou para contornar a questão da crise do
petróleo e tornar o seu pequeno mais econômico. Na mecânica, o
sistema de freios passou a ter duplo circuito (um dianteiro e outro traseiro), e
a coluna de direção era agora retrátil, oferecendo maior proteção em impactos. O interior podia ser monocromático em preto ou marrom, os comandos do limpador passaram a vir em alavancas na coluna de direção, e os comandos da ventilação ganharam iluminação. Na linha 1978, chegavam
dois ressaltos sobre o capô, lanternas traseiras frisadas que imitavam as dos Mercedes-Benz da época, desembaçador elétrico do vidro traseiro (opcional) e ponteiras plásticas
nos pára-choques, enquanto os frisos que ladeavam o emblema VW perdiam a vez. A buzina
ganhou acionador tipo almofada, igual ao do Passat. O acionamento do pisca deixa de ser por botão, passando a ser por alavanca na coluna de direção. Em 1979, foi apresentado o acabamento LS (top de linha), que tinha frisos laterais, rodas e molduras dos faróis na cor grafite, vidros verdes, bancos dianteiros com encosto de cabeça integrado, console central e painel completo de plástico injetado, incluindo relógio, velocímetro com hodômetros total e parcial, marcador de combustível e vacuômetro. Este foi introduzido para ajudar a economizar combustível, uma vez que os postos fechavam nos fins de semana e das 8 da noite as 6 da manhã nos dias úteis, e o limite de velocidade era de 80 km/h. Foi introduzida a carroceria de cinco portas, que obteve pouco êxito por conta da preferência nacional de então pelos carros de duas e de três portas, e só podia ser comprada em acabamento básico, com pára-choques pintados e só um carburador, resultando em menor desempenho e maior consumo. Os emblemas traseiros passaram a ser feitos em plástico, assim como os espelhos retrovisores externos, que sucederam o modelo "raquete", marcando o abandono da versão cromada destes itens, oferecida até o ano anterior. As alças das colunas centrais passaram a ser menores. Este foi o melhor ano do carrinho em vendas: 159.916 unidades comercializadas. Para a linha 1980, chegavam novos bancos dianteiros com encosto de cabeça separado e painel reformulado, com os instrumentos todos abrigados em um único quadro à frente do motorista. Surgiram as ofertas de lavador elétrico do pára-brisa e temporizador do limpador (opcionais), e a versão superior perde as rodas na cor grafite. No mesmo ano, o Brasília
começou a sentir a concorrência dentro de casa com o Gol, que ainda vinha com o
motor 1.3, e a externa com Chevette e Fiat 147, este mais moderno. Na
mecânica, as novidades eram a versão a álcool de 50 cv (com a motorização inicial do hatch então recém-lançado) e novos elementos
filtrantes, mais uma tentativa de reduzir o nível de ruído, mas que não teve êxito devido ao baixo desempenho e ao alto consumo. No ano seguinte, vieram novas forrações fonoabsorventes, lanternas direcionais traseiras na cor âmbar (que seriam obrigatórias a partir de 1985) e o volante do Gol. Este, por sua vez, recebeu o propulsor 1.6 (ainda refrigerado a ar) e
tinha projeto atualizado. Naturalmente, as vendas do velho modelo caíram. Para 1982, o carro foi normalmente apresentado, mas a única novidade foi o leque de opções de cores. Apesar disso, saiu de cena no começo do ano deixando
saudades, um prenúncio do que viria a ocorrer no ano seguinte com o Galaxie/Landau e em 1992 com o Opala. Na sua descontinuação, um engenheiro da montadora de Wolfsburg declarou “Mataram o
carro errado!”, pois o Brasília poderia perfeitamente ser colocado como modelo
de entrada da marca alemã no lugar do Fusca, por ser mais moderno que este, que
só seria descontinuado em 1986. No dia 15 de março, o último exemplar deixou as linhas de montagem da Volkswagen em São Bernardo do Campo(SP).
Muito boa a história do modelo que tem semelhanças mecânicas com o fusca e que vendeu bastante no nosso mercado. Um abraço
ResponderExcluirUm modelo que tem sememhanças mecânicas com o fusca e tem um carisma próprio. Vendeu bastante. Um abraço
ResponderExcluir