Enquanto o Landau perdia a vez, a Ford buscava seu lugar no segmento com o Del Rey, um modelo médio luxuoso, confortável, robusto, econômico, bem acabado e que trouxe evoluções técnicas. Na foto, um modelo Ghia de 4 portas com o motor 1.8.
Um Del Rey GL série especial de 1989: tinha itens do Ghia como faróis de neblina, direção hidráulica e rodas de aço estampado aro 14 com supercalotas e pneus 195/60, mas só vinha com duas portas atendendo a preferência nacional da época, e o motor ainda era o CHT 1.6. Com esta carroceria o médio da Ford ficava em desvantagem estilística, uma vez que nasceu para ter quatro portas, a exemplo dos concorrentes Monza e Santana.
O Del Rey Ouro, versão de topo entre 1981 e 1984: trazia vidros e travas com comando elétrico, ar-condicionado, console de teto com relógio digital, painel completo e ainda podia vir opcionalmente com teto solar e transmissão automática. Na foto acima, o slogan da Ford que marcou a vida de seu luxuoso médio, o "Questão de Requinte", que é absolutamente verdadeiro, uma vez que a marca americana sempre se destacou por ter o melhor acabamento.
A campanha de lançamento da linha 1990, quando o Del Rey recebeu o motor AP-1800 em todas as versões, caixa de câmbio da VW e novos itens. O desempenho melhorou, mas ainda era inferior ao dos concorrentes diretos.
A campanha da oferta de direção hidráulica, solicitada há tempos pelos compradores. Afinal, todo carro de luxo que se preze tem direção hidráulica. Ainda mais um modelo requintado e confortável como o Del Rey.
Um Ghia 4 portas de 1991, seu ano de despedida: completou uma década de vida com as mesmas qualidades de sempre, e saiu de linha deixando saudades em seus fãs e milhares de compradores satisfeitos para dar lugar ao Versailles, que não fez sucesso.
Duas campanhas do Del Rey, dando ênfase ao requinte como de regra: na foto de cima, a da linha 1984, com um Ouro; na de baixo, a da linha 1987, com um Ghia. Este acabamento fazia referência ao estúdio italiano que numerosas vezes trabalhou para a Ford.
A série especial 250.000, de 1988, tinha como tema as 250.000 unidades vendidas desde o lançamento, em 1981.
A viatura policial foi uma variação do Del Rey oferecida na década de 1980.
O Del Rey básico de 1981 a 1984, que ficou conhecido como Prata. Note as ausências do retrovisor externo direito e dos encostos de cabeça dianteiros, que não condizem com a proposta do carro. As rodas eram de aço estampado em vez das de alumínio do Ouro.
O Del Rey Conversível não era uma versão de produção normal como o Escort XR3. É um modelo duas portas transformado pela Cia. Santo Amaro, uma concessionária Ford paulistana.
Lançado em 1981, o Del Rey veio para representar a Ford no segmento de luxo de uma forma diferente. Seu nome é originado do vocábulo espanhol, que traduzido para o português significa do rei. A marca americana era representada pelo Galaxie/Landau, de porte e cilindrada avantajados, e os consumidores de carros de luxo buscavam carros menores e mais econômicos por conta da crise do petróleo - tempo em que os postos fechavam nos finais de semana e funcionavam só nos dias úteis das 6 da manhã as 8 da noite, e o limite de velocidade era 80 km/h. Assim, o Galaxie/Landau perdeu terreno, o que viria a ocorrer posteriormente com o Alfa Romeo TI-4 e que já ocorrera com o Maverick e os Dodges de motor V8. O Del Rey, apesar de ser derivado do Corcel ll, foi um carro muito bem aceito, fez sucesso e conquistou um público fiel, graças ao fato de ser um modelo sem adversários a altura em matéria de luxo e requinte entre os médios brasileiros. Vinha nas versões básica, que ficou conhecida como Prata, e Ouro, que era a top de linha e oferecia diversos itens de conforto e conveniência, como ar-condicionado, teto solar, console de teto com relógio digital, trava elétrica central e vidros elétricos - o médio de luxo da Ford foi o primeiro carro brasileiro a oferecer este item. Essa aparelhagem resultava num aumento de peso de 100 kg em relação ao carro do qual deriva. O sedã tinha linhas retas (predominantes à época), podia vir com duas ou quatro portas e seus três volumes eram bem definidos. As lâminas da grade dianteira eram verticais, imitando o irmão maior, mas os faróis eram quadrados em vez de redondos. Para 1982 não houve grandes mudanças. Neste ano, a concessionária Cia. Santo Amaro, de São Paulo (SP) criou o Del Rey Conversível, uma adaptação feita a partir do modelo duas portas em acabamento básico ou Ouro. Tinha capota de lona, como de praxe nos conversíveis da época, fácil de armar e desarmar, e o vidro traseiro com desembaçador inexistia - este item só equiparia Escort XR3 e Kadett GSi, os últimos conversíveis nacionais de fábrica. Esta versão do Del Rey podia vir com dois tipos de capota (uma com maior altura em relação ao banco traseiro, outra para quem precisa acomodar ocupantes atrás eventualmente), tinha um túnel central igual ao do Corcel ll Conversível, pára-choques envolventes, suspensão traseira com molas rebaixadas em um elo, amortecedores de ação simples, acabamento em couro (opcional) e várias alterações estruturais, que resultaram num aumento de peso de 50 kg em comparação ao carro de linha, mas as vibrações eram um problema crônico, como já ocorrera com o Corcel. A mecânica era a mesma do Del Rey comum. O modelo 1983 podia vir opcionalmente com câmbio automático monitorado por processador eletrônico, e ganhou um concorrente de peso, o Monza em versões de três volumes, com duas e quatro portas. Para a linha 1984, veio o motor CHT, com câmaras de combustão redesenhadas, em que a queima do combustível era mais eficiente, melhorando consumo e desempenho, e os freios dianteiros ganharam discos ventilados, que impedem a perda de eficiência por aumento de temperatura (fading). Neste ano, o Del Rey ganhou mais um concorrente - o Santana, que marcou a estréia da Volkswagen no segmento de luxo, e o modelo da marca da gravata foi o carro mais vendido no Brasil, com 70.577 unidades vendidas. Em 1985, as versões eram renomeadas GL (de entrada), GLX (intermediária) e Ghia (de topo). A última, que faz referência ao estúdio italiano que trabalhou diversas vezes para a Ford, vinha com um retrocesso: as rodas de alumínio foram substituídas por rodas de aço com supercalotas, mas em contrapartida o médio de luxo da marca do oval azul foi o primeiro carro brasileiro não-esportivo a usar pneus de perfil baixo 195/60-14. A frente foi redesenhada, com a inclusão de faróis trapezoidais, grade de três lâminas horizontais pintada na cor do carro e spoiler dianteiro com faróis de neblina integrados (este só no Ghia). A mudança do conjunto ótico dianteiro melhorou o coeficiente de penetração aerodinâmica (Cx), que passou de 0,44 para 0,41, mas neste item o concorrente da GM e o adversário da marca do carro do povo eram melhores, com 0,39 e 0,40, nesta ordem. As lanternas traseiras foram modificadas, bem como os dois pára-choques. O acabamento de topo ganhou também banco traseiro com descansa-braço central e encostos de cabeça. O Monza manteve a hegemonia iniciada no ano anterior, e conquistou o bicampeonato com 75.240 carros negociados. Para a linha 1986, o motor era aperfeiçoado e recebia a sigla E-Max. Chegaram novos itens de conforto: comando elétrico dos retrovisores externos e direção hidráulica, esta há tempos solicitada pelos compradores. Ainda assim, o Del Rey permaneceu com um desempenho modesto, mas sua proposta nunca foi de alta performance, arrancadas e grande estabilidade. O sedã da Ford provou que foi feito para ser um tranquilo carro de passeio. O adversário da GM faturou o tricampeonato com 81.960 unidades vendidas. Em 1987, chegava a versão L, mais simples, para se somar as outras três e preencher a lacuna deixada pelo Corcel no ano anterior. O Ghia recebeu supercalotas com novo desenho. Na linha 1988, nenhuma mudança significativa, apenas novas opções de cores, novas padronagens de revestimento e retrovisor interno mais estreito. A oferta de rodas de alumínio desapareceu. Foi oferecida a série especial 250.000, em referência as 250.000 unidades vendidas desde que o Del Rey foi lançado. Para o ano seguinte, o suporte dos retrovisores laterais passou a ser arredondado e mais longo e mudou a placa de metal que fixa os cintos de segurança. Foi oferecida uma série especial do GL, com rodas e supercalotas da versão de luxo, faróis de neblina e direção hidráulica. Na linha 1990, o sedã recebeu um novo conjunto mecânico: entrou o motor AP-1800 da marca alemã no lugar do CHT 1.6, que apesar de consagrado pela robustez, economia e facilidade de manutenção, era obsoleto, barulhento e fraco para o tamanho e o peso do carro. O câmbio Ford, que também se destacava por ser robusto e durável apesar de ruidoso, cedeu seu lugar ao da marca de Wolfsburg, o mesmo que equipou os Gol GT/GTS/GTi, Passat GTS, Santana/Quantum e a versão GLS de Voyage e Parati. No acabamento, as mudanças foram rodas de alumínio no Ghia; o L agora vinha com as supercalotas que equiparam o GL de 1985 até o ano anterior; este passou a vir com as que equiparam o GLX na mesma época; e o último recebeu o item com desenho inédito. A grafia dos instrumentos foi reformulada, a marcação do velocímetro passou a ser até 220 km/h e a terceira luz de freio (brake-light) foi introduzida em toda a linha. Apesar do novo trem de força, o médio da Ford manteve o bom consumo e tinha desempenho inferior ao de Monza e Santana, ainda que melhorado. Uma evolução expressiva foi a redução do nível de ruído, graças a presença de um terceiro silencioso no escapamento e de um revestimento de feltro sob o capô, que aliados a nova mecânica, colocaram o sedã em primeiro lugar entre os carros mais silenciosos do país, deixando para trás o rival da marca da gravata, o adversário da marca do carro do povo, e inclusive o bem mais caro Opala Diplomata - este era o modelo nacional mais antigo em produção à época e tinha motor de seis cilindros, com mais que o dobro da litragem. Os mencionados recursos eram inexistentes com a antiga motorização. Mas a oferta de transmissão automática desapareceu, uma pena. Em 1991, seu derradeiro ano, o Del Rey completou uma década de vida e mudou apenas no logotipo 1.8 da tampa do porta-malas e no leque de cores externas. Apesar de ser um sucesso de vendas e consagrado como um carro robusto, confortável, bem equipado e de ótimo acabamento, estava defasado e saiu de linha em julho do mesmo ano, totalizando 350.000 exemplares vendidos e deixando saudades para dar lugar ao Versailles - um Santana de segunda geração adaptado ao estilo Ford, que não fez sucesso.
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