segunda-feira, 16 de junho de 2014

Fusca (1959 - 1986 e 1993 - 1996)


A primeira fase da produção do Fusca no Brasil: acima, o primeiro modelo, de 1959 e abaixo o modelo de despedida, de 1986.

O carro que liderou as vendas durante décadas e caiu para valer no gosto dos brasileiros voltou em 1993 a pedido do então presidente Itamar Franco, mas não fez sucesso em seu retorno, pois teve que concorrer com carros modernos como o Corsa Wind e o Gol 1000i Plus, além dos importados.

Lançado em 1959, o Fusca agora era oficialmente nacional. As novidades eram o novo volante "cálice", as maçanetas externas (que ganharam novo botão de acionamento), o pára-sol emborrachado e o dínamo de 160 watts. Além da tradicional padronagem interna branco-cinza gelo, tornaram-se opcionais outras padronagens monocromáticas: azul pastel, azul turquesa, verde berilo e bege havana. A janela traseira aumentou de tamanho e passou a ser retangular neste modelo. Para o ano seguinte não houve alterações relevantes. Em 1961, chegaram caixa de câmbio com marchas sincronizadas e painel com alça de segurança para o passageiro. Na linha 1962, vieram chassi nacional, faróis com facho assimétrico, gancho cabide e nova lanterna traseira bicolor. Para 1963, o Fusca recebeu novo descanso de braço, lavador de para-brisas pneumático, janelas traseiras basculantes, reservatório de fluido de freio de plástico e amortecedor de direção. Para a linha seguinte, as novidades eram tanque de combustível mais baixo para facilitar a acomodação das bagagens e bancos dianteiros quadrados com forração semelhante a do ano anterior, só que agora com costura eletrônica e opção de faixa de tecido 100% "pijaminha". A linha 1965 teve como novidade o teto solar, que não foi bem aceito e os exemplares com o acessório foram apelidados de "Cornowagen", o que traumatizou os donos. As outras mudanças foram nas lanternas, que passaram a ser conhecidas como "sorriso curto", a luz de placa mais larga e bancos dianteiros de encosto curvo, apelidados de "corcundinha" com faixa de tecido 75% "pijaminha". A trava de volante e a chave de ignição passaram a vir conjugadas na mesma peça. No ano seguinte, o brasão do capô foi eliminado, mas a tampa traseira com maçaneta de girar e a saia traseira com desenho "H" permaneciam. As novidades da linha 1967 foram vidro traseiro 20% maior, limpador de pára-brisa parado no lado do motorista, novo distribuidor centrifugo de tampa baixa, filtro de ar com bocal de aspiração maior, novo pedal do acelerador e rodas aro 15 com janelas para refrigeração dos freios, enquanto o comutador de luz alta foi para a alavanca de seta. Esta linha foi apresentada com motor 1200, mas meses depois chegou o 1300 para substituí-lo. Para 1968, chegou o retrovisor externo tipo "bracinho" e o sistema elétrico de 12 volts. Na linha 1969, o retrovisor externo passou a ser do tipo "raquete". Em 1970, as novidades foram extintor de incêndio, cintos de segurança e nova pedaleira com embreagem e freio mais afastados. No acabamento externo, chegaram novos pára-choques de lâmina simples, novas lanternas traseiras tricolores (incorporadas a marcha à ré) e maçaneta do capô dianteiro com botão de segurança. Chegou a oferta do motor 1500. As versões com este motor ficaram conhecidas como "Fuscão". Não houveram mudanças expressivas na linha seguinte. Em 1972, mudou a chave de seta e a luz de cortesia interna foi reposicionada, passando da coluna para o meio da porta do motorista. A versão 1500 recebeu distribuidor de tampa alta. Para 1973, foram introduzidos novos faróis de perfil reto, padronizados para atender a legislação quanto a altura do facho em relação ao solo. As janelas laterais basculantes e o sistema de ar quente tornaram-se opcionais. A versão 1500 recebeu grades do capô traseiro maiores. Na linha 1974, as novidades eram botões no painel em plástico maleável com inscrições de função, novo volante "bumerangue", chave de seta em plástico, nova padronagem do revestimento dos bancos e sistema de ventilação interna com saídas atrás do vidro lateral (orelhinhas). Foi introduzida a versão 1600 S, mais potente (65 cv) e que trazia bancos reclináveis, volante esportivo Walrod de três raios, painel com conta-giros, marcador de temperatura, relógio, amperímetro, carburador de corpo duplo, rodas aro 14 com pneus radiais e bitolas maiores do que as do 1500. Também tinha uma cobertura plástica na cor preta sobre a tampa traseira,que lhe deu o apelido de "Besourão". Em 1975, chegaram pisca-alerta no painel ao lado esquerdo do cinzeiro, lavador de pára-brisa com acionamento no pé e haste e palhetas do pára-brisa pintadas de preto. O Fusca 1300 agora vinha com rodas de 4 furos, e os trilhos dos bancos dianteiros passaram a ser largos. O motor 1500 deixou de ser oferecido. Na linha 1976, foi introduzida a versão 1300 L e os faróis passaram a ser fixados nos pára-lamas. As outras novidades eram pedal do acelerador em plástico, coluna de direção anti-penetrante e volante estria fina. Em 1977, o Fusca ganhou comando do limpador de pára-brisas na chave de seta e barra de direção retrátil, que protege o motorista em caso de choque frontal. Também ocorreu uma mudança no bocal do tanque, que passou para a lateral direita do carro. Neste mesmo ano o governo Geisel lança um plano para reduzir o consumo de gasolina, e a VW passa a equipar o VW 1300/1300L com carburador Solex H30 PICS, com novos giclês para reduzir as emissões poluentes e o consumo. Para 1978, o interruptor do pisca-alerta foi transferido para a coluna de direção e foi adotada uma chave única para portas, capô do motor e ignição. O retrovisor externo passava a ser de plástico e o interno apenas encaixado (para soltar em caso de colisão). No ano seguinte chegaram as lanternas maiores e redondas, que ficaram conhecidas como "Fafá", em referência aos seios da cantora Fafá de Belém, apenas para as versões 1300 L e 1600. A lanterna menor continuou na versão 1300. Na linha 1980 não houve novidades nem mudanças importantes. Em 1981, a versão com o motor menor passa a ser disponível também a álcool. No ano seguinte, chegou um novo painel com relógios retangulares e a nova versão 1300 GL, que oferecia rádio AM/FM, acendedor de cigarros, apoios de cabeça dianteiros, desembaçador do vidro traseiro, janelas traseiras basculantes, protetor de borracha nos pára-choques, aquecimento e novo logotipo com o 1300 em branco e o GL em vermelho. A caixa de câmbio foi aperfeiçoada e passou a dispensar a troca de óleo por toda a vida útil do carro. Em 1983, a Volkswagen resolveu rebatizar o modelo no Brasil, adotando o nome Fusca que se popularizou. A lanterna modelo Fafá passou a ser padrão para toda a linha e chegou novo respiro do motor sem o cano que vai para baixo. O Fusca iniciou então sua decadência, quando perdeu a liderança de vendas para o Chevette, que fechou este ano como o campeão de vendas - foram comercializados 85.984 exemplares - iniciando uma hegemonia da General Motors que duraria mais três anos com o Monza, de porte e segmento diferentes. Em 1984 o motor 1600 se tornou padrão da linha, com válvulas de escapamento maiores e válvula de aquecimento de partida a frio (Thermac). Outra importante novidade técnica foram os freios a disco na dianteira, mais eficientes. Chegaram também cintos de segurança de 3 pontos e bancos dianteiros com encosto de cabeça de série, e foi introduzido o carburador Solex H30/31 PICT. Estas melhorias foram incapazes de deter o sucesso do médio da GM, campeão com 70.577 carros vendidos. Em 1985, nada mudou e o Fusca terminou este ano em 5º lugar nas vendas, enquanto o Monza faturava o bicampeonato com 75.240 unidades vendidas. Para a linha 1986, nenhuma mudança. A Volkswagen decide anunciar a descontinuação do Fusca no dia 11 de agosto, apesar de ainda vender bem para um modelo que está próximo de sair de linha. As alegações da marca alemã foram de que seu carro de entrada é obsoleto, e de que havia necessidade de mais espaço na linha de montagem para o seu carro de luxo, o Santana, e também para o Fox, versão do Voyage que era exportada para os Estados Unidos e o Canadá. No dia 31 de outubro, o último Fusca deixou as linhas de montagem da Volkswagen em São Bernardo do Campo(SP). A marca alemã perdeu a faixa de mercado mais barata para a General Motors, pois o Chevette se tornou o carro mais barato do país. A marca do carro do povo assistiu a mais um ano de hegemonia da marca da gravata nas vendas, com o Monza levantando pelo terceiro ano consecutivo o troféu de carro mais vendido no Brasil, com 81.960 exemplares comercializados. No segundo semestre de 1993, a pedido do então presidente Itamar Franco, o Fusca voltou a cena, ficando conhecido como Fusca Itamar. Contudo, não teve sucesso em seu retorno, uma vez que teve de enfrentar modelos modernos como o Corsa Wind e o Gol 1000i Plus, sofreu a concorrência dos importados e estava muito defasado mesmo diante dos veteranos Uno Mille e Escort Hobby. A aerodinâmica deixava muito a desejar, pois o coeficiente de penetração (Cx) era de 0,48, número somente superior aos de Fiat 147 (0,50) e Pampa (0,52). Seus adversários eram bem melhores: 0,35 para o carro da GM, 0,36 no modelo da Ford, e 0,34 no Fiat e no Gol de nova geração, pois o modelo antigo deste ainda permaneceu sendo produzido, como alternativa mais barata a versão atualizada, mas com projeto ultrapassado e aerodinâmica ruim - o Cx era 0,45. Pelo preço que o Fusca Itamar custava, podia-se comprar quaisquer concorrentes que ofereciam mais conforto, acabamento melhor e mais tecnologia. Não houve nenhuma mudança no Fusca em seu retorno, a não ser emblema traseiro, desenho de volante e estofamento e inclusão do logotipo VW na tampa do motor. Em 1996, a concorrência continua com seu processo de modernização, com a chegada do Ford Fiesta e do Fiat Palio, e em junho do mesmo ano, a Volkswagen decidiu tirá-lo de produção, só que agora o adeus foi sem volta. Marcando a despedida, foi lançada a Série Ouro, que vinha com acabamento diferenciado, e teve apenas 1.500 exemplares produzidos.

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