sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Belina (1970 - 1991)

Esta perua agradou em cheio por ser econômica, confortável, robusta e de ótimo acabamento. Na foto, a versão top de linha Ghia, já com o motor AP-1800.

A Belina 4x4, primeiro e único carro de passeio brasileiro a usar tração nas quatro rodas, que saiu rapidamente de linha devido ao sistema de tração integral problemático.
Uma Belina básica de 1978: tinha motor 1.4 e vidro lateral traseiro inteiriço no lugar do dividido em dois e basculante das versões superiores.
A campanha de lançamento da linha 1984 anunciava a introdução do motor CHT e exaltava a economia de combustível, uma qualidade que consagrou a Belina.
A campanha da linha 1979 tinha a prova dos nove como o mote para atrair o consumidor. 
Uma Belina de 1970, ano de seu lançamento: as mesmas qualidades do Corcel de que deriva, como conforto e economia.

A série especial Cinco Estrelas, lançada em 1983 e reprisada no ano seguinte, tinha vários itens exclusivos.
A série especial Astro, de 1985: tinha rodas e supercalotas do Del Rey GLX, maçanetas externas pretas em vez de cromadas, padronagem exclusiva no acabamento interno e apenas duas opções de pintura: Dourado Quartzo e Prata Strato, ambas metálicas.
O Corcel II Van, oferecido em 1981, era uma espécie de Belina Furgão. Note a ausência do banco posterior e dos vidros nas laterais e na porta traseira.
Uma Ghia de 1987, o ano que a Belina foi integrada a linha Del Rey e sobreviveu a descontinuação de seu originário Corcel. De quebra, a perua conservou as conhecidas qualidades, ganhou os itens de conforto do luxuoso médio da Ford e claro, o painel completo e o console de teto com relógio digital, que não se vê mais nos carros de hoje.

Uma Belina LDO de 1980, quando a perua da Ford comemorava uma década de vida. Oferecia um ótimo acabamento e o mesmo conforto de sempre. Desde então, passava a ser oferecida somente com motor 1.6, que lhe dava melhor desempenho, pois seu maior peso exigia mais dos limitados motores 1.3 e 1.4 oferecidos anteriormente.
Duas fases da Belina L: na foto de cima, uma de 1986, ainda derivada do Corcel; na de baixo, uma de 1989, derivada do Del Rey. As diferenças entre as duas são poucas, como o desenho das rodas, as lanternas traseiras, os frisos laterais, a grade dianteira, o retrovisor interno e os cintos de segurança.
Duas fases da Belina GLX: na foto de cima, um exemplar com o motor 1.6, e na de baixo, um de motor 1.8. As diferenças entre elas resumem-se ao desenho da carcaça dos retrovisores externos e das supercalotas e a presença da terceira luz de freio na mais recente.
A ambulância foi outra variação da perua média da Ford (na foto uma L da linha Del Rey).
A Belina Série Especial, oferecida para a linha 1989, teve apenas 1.800 unidades fabricadas. Era intermediária entre os acabamentos L e GLX, tinha o painel da de entrada, rodas e calotas da intermediária, bagageiro preto, console de teto com relógio digital, cobertura do porta-malas, luzes de leitura, desembaçador, direção hidráulica e travamento central das portas.

Uma L de 1987: já estava na linha Del Rey, mas as rodas ainda eram as do Corcel. Estas foram substituídas em meados do ano.
A campanha de lançamento da linha 1990, quando a Belina chegou a sua segunda década de vida: recebeu o motor AP-1800 em todas as versões, caixa de câmbio da VW e novos itens. O desempenho melhorou, mas ainda era inferior ao das concorrentes diretas.

Uma Ghia de 1991, seu último ano: apesar de ser sucesso de vendas e recheada de qualidades, a Belina deu adeus ao mercado, deixando saudades.


A Belina foi lançada em 1970. Era a versão perua do Corcel, e vinha com os mesmos acabamentos e motorizações deste. Agradava por ser econômica e confortável. Seu desempenho era fraco, mas seus usuários não davam a menor importância. Em seu primeiro ano, teve 7.400 exemplares vendidos. Sua concorrente direta era a Variant, lançada no ano anterior. Em 1971, nenhuma mudança relevante. Na linha 1972, foi oferecida  uma versão luxo especial da perua, com painéis laterais adesivos imitando madeira -- tipo jacarandá, como dizia a Ford -- e pneus faixa-branca, bem ao estilo americano. Para 1973, chegavam nova grade, com logotipo Ford no emblema redondo ao centro, outro desenho do capô, pára-lamas e lanternas traseiras, e o motor passava a ser o 1.4 do Corcel GT, que lhe dava melhor desempenho e os números de vendas dobraram. Na linha 1974, nenhuma mudança significativa. Em 1975, frente e traseira eram redesenhadas, a grade perdia o emblema e o interior era remodelado. Para se juntar às versões básica e luxo, era lançada a LDO, sigla em inglês para Decoração Luxuosa Opcional, como existia nos carros da Ford nos Estados Unidos. Por dentro era mais requintada, com forrações e bancos nas cores marrom e bege. Nas linhas 1976 e 1977 não teve mudanças relevantes, apenas alguns retoques para diferenciar o ano. Na linha 1978 chegava a Belina II, em acabamentos L e LDO. O novo design era mais reto e anguloso, e foi desenvolvido em túnel de vento - um prenúncio do que ocorreria no início da década de 1990 com a segunda geração dos Santana/Quantum. A perua tinha maior espaço interno que o de sua geração anterior e também ganhou em estilo e modernidade. O vidro lateral traseiro era enorme, beneficiando a visibilidade. Dependendo do acabamento este vidro poderia ser subdividido, havendo um menor e basculante -- assim o desenho lateral era mais harmonioso. As portas eram enormes e pesadas, um dos poucos defeitos reclamados pelos donos -- e que perduraria até o fim de sua produção. Assim o cinzeiro para os passageiros do banco traseiro situava-se nelas! Por dentro, os bancos, painel e volante também foram redesenhados. A alavanca do freio de estacionamento passava a ser entre os bancos, melhoria sentida pelos fiéis da marca, e na geração anterior era uma maçaneta de puxar localizada abaixo do painel. A Volkswagen respondia apresentando a Variant II, com desenho inspirado no Brasília, do segmento de entrada, e introduzindo a suspensão McPherson no lugar da de braços arrastados duplos presente em sua antepassada e nos demais modelos a ar. Em 1979 vinham o esperado motor de 1.6 litro, de melhor desempenho, e o câmbio de cinco marchas, que só o Alfa Romeo possuía. A quinta era um acréscimo às outras quatro e sua relação ficava próxima da quarta, pelo que a queda no regime de giros era menor do que se vê hoje na maioria dos automóveis. Pela primeira vez era usada a denominação "1.6", com o ponto em vez da vírgula, o que é incorreto no sistema métrico. A opção 1.4 continuava a ser produzida para quem desejava mais economia, mas ao custo de um desempenho muito modesto. A partir da linha 1980, quando a bem-sucedida perua completou uma década de mercado, passou a ser oferecida apenas com o motor 1.6, que oferecia mais potência, desempenho melhor e era mais adequado a seu peso. Chegou a oferta da motorização a álcool, que foi muito bem recebida pelos consumidores e tinha grandes evoluções em relação aos primeiros nacionais a combustível vegetal: não apresentava sérios problemas de corrosão e tinha injeção automática de gasolina para a partida a frio. Se destacava por aquecer rapidamente, vibrar pouco, se manter regulada por muito tempo e por ser tão boa como a consagrada versão a derivado de petróleo. A suspensão foi alterada para aprimorar a estabilidade e dar mais firmeza e segurança. Um detalhe interessante da Belina II era a grade aerodinâmica, com lâminas inclinadas de modo a aumentar o fluxo de ar em baixas velocidades e reduzi-lo em altas. O ano de 1980 foi o melhor ano de vendas da história da Belina, com 38.693 exemplares comercializados. A Variant ll, mal-sucedida, saiu de linha rapidamente, o que se deve aos problemas de qualidade. Chegaram neste ano duas novas concorrentes: em abril, a Fiat Panorama, e em outubro, a GM Marajó. Ambas são de porte menor, pois derivam de carros de entrada - 147 e Chevette, na ordem. Na linha 1981 foi oferecida a Corcel II Van, uma espécie de Belina Furgão, que se diferenciava por não ter banco traseiro nem vidro nas laterais e na porta traseira. Haviam ripas de madeira no compartimento de carga, como nas picapes daquele tempo. No ano seguinte, a Volkswagen colocou no mercado a Parati, também compacta por ser derivada do Gol lançado dois anos antes. Para 1983, foi apresentada a série especial Cinco Estrelas, que o Corcel também oferecia. Tinha volante de quatro raios, apoio de braço de luxo nas portas, conta-giros, pára-brisa laminado com faixa degradê, console de teto com relógio digital e quatro cores externas: Dourado Sierra, Azul Jamaica, Verde Astor e Cinza Nobre, todas metálicas. O logotipo externo "Belina" foi renovado, pois até o ano anterior era o mesmo da primeira geração. Em 1984, a Belina Furgão saiu de cena e chegava o motor CHT. A sigla significa "câmara de alta turbulência", condição para uma queima eficiente do combustível. Era o mesmo motor dos anos anteriores, mas retrabalhado nas câmaras de combustão para melhor desempenho e menor consumo. Vinham também freios dianteiros a disco ventilado, que impedem superaquecimento por uso contínuo (fading). A versão LDO foi renomeada GL. Foi reprisada a série especial Cinco Estrelas, também disponível para o carro. Tinha agora bagageiro no teto, cobertura do porta-malas, bancos com desenho diferenciado, forração interna e maçanetas externas na cor preta e cinco opções de pintura: Cinza Nautilus, Prata Strato, Dourado Champagne, Verde Jade e Azul Marselha. Mas não havia a faixa degradê no pára-brisa, uma pena. Em 1985, a Belina recebia lanternas direcionais traseiras na cor âmbar para atender a legislação, frente inclinada e mais arredondada, nova grade, novos faróis, painel, instrumentos e volante do Del Rey básico do ano anterior e a oferta da versão 4x4. Esta primazia de lançar uma perua derivada de um automóvel com quatro rodas motrizes não foi igualada por nenhum fabricante brasileiro. A idéia era conciliar o conhecido conforto com a liberdade que um 4x4 pode oferecer. Mas haviam desvantagens, como a menor capacidade de carga e o câmbio de 4 marchas, em vez do de 5 da Belina comum, uma vez que a tomada de força para a tração suplementar era feita no lugar da quinta marcha. O sistema era engatado por meio de uma alavanca junto a de câmbio e era limitado, pois o uso 4x4 era somente sobre pisos íngremes, lamacentos e arenosos e não tinha redução. Os diferenciais dianteiro e traseiro não tinham a mesma relação, e por isso em operação 4x4 só se podia dirigir a até 60 km/h. Vinha também neste ano a série especial Astro, com bagageiro no teto, supercalotas do Del Rey GLX, cobertura do porta-malas, interior com padronagem exclusiva e duas opções de pintura: Prata Strato e Dourado Quartzo, ambas metálicas. Em agosto, a marca do carro do povo apresentou a Quantum, derivada do Santana, que é média e trazia de volta ao mercado as peruas de cinco portas (a última foi a Simca Jangada, produzida na década de 1960). Para 1986 a perua recebeu o motor CHT E-Max, sigla para economia máxima, a opção de direção hidráulica - conforto há tempos solicitado pelos compradores, pois a direção mecânica era bastante pesada e novas cores externas. Mas sentia o peso da idade, pois em abril, a Fiat apresentou a Elba, derivada do Uno, e em dezembro, descontinuou a Panorama, modernizando o segmento. Em 1987, a Belina sobrevive a descontinuação do Corcel e é integrada a linha Del Rey, vindo agora em quatro acabamentos: L (de entrada), GLX (intermediário), Ghia (de topo) e 4x4. O GL desaparecia e era agora privilégio do sedã. Em meados deste ano, a Belina L teve as rodas padronizadas com o Del Rey da mesma versão, e a 4x4 saiu de linha, uma vez que teve sérios problemas de confiabilidade e durabilidade que também vitimaram a Pampa. Para 1988, não vieram mudanças relevantes, apenas novas cores, novos padrões de acabamento e retrovisor interno mais estreito. A oferta de rodas de alumínio desapareceu. Na linha 1989, os retrovisores laterais ganharam novo suporte mais longo e arredondado e os cintos de segurança ganharam nova alça de suporte e novas placas de fixação. Foi oferecida uma série especial que oferecia itens indisponíveis na versão de entrada, como vidro traseiro térmico com desembaçador, direção hidráulica, cobertura do porta-malas, bagageiro no teto, supercalotas da versão GLX e borracha protetora nos pára-choques. Outro destaque positivo da perua média da Ford naquela época era o preço, que só perdia para o da Marajó, e era bem mais acessível que o da Quantum, que custava 40% a mais. Na linha 1990, marcando a segunda década de vida da Belina, o conjunto mecânico é substituído: o motor AP-1800 da marca alemã passa a equipar todas as versões no lugar do CHT 1.6, que apesar de consagrado por ser robusto, econômico e fácil de manter, era obsoleto e não tinha força para o tamanho e o peso da perua. O câmbio Ford, embora barulhento, era robusto e durável, e cedeu seu lugar ao da Volkswagen, o mesmo que equipou Santana/Quantum, Gol GT/GTS/GTi, Passat GTS e a versão GLS de Voyage e Parati. A concorrência se atualizava, pois a General Motors descontinuou a station da linha Chevette para ceder espaço a Ipanema, derivada do Kadett que fora lançado no ano anterior. A suspensão foi aprimorada para melhorar a estabilidade e deixar o carro mais seguro com nova calibragem de molas e amortecedores, sem comprometer a maciez e o conforto, itens que foram sempre a essência da Belina. No acabamento, as mudanças foram rodas de alumínio na versão de topo; a de entrada vinha agora com as supercalotas do Del Rey GL de 1985 a 1989; e a intermediária tinha outras de desenho inédito. A grafia dos instrumentos foi reformulada, a marcação do velocímetro passou a ser até 220 km/h e a terceira luz de freio (brake-light) foi introduzida em toda a linha. Mesmo com o novo trem de força, a perua da Ford continuou apresentando desempenho inferior ao das concorrentes, ainda que melhorado, mas o consumo em contrapartida continuou bom. Uma evolução expressiva foi a redução do nível de ruído, graças a presença de um terceiro silencioso no escapamento e de um revestimento de feltro sob o capô, recursos ausentes com a motorização antiga.
Em 1991, seu derradeiro ano, a Belina mudou apenas no logotipo 1.8 da porta traseira e no leque de cores externas. Apesar de ser um sucesso de vendas e consagrada como uma perua robusta, confortável, bem equipada e com um ótimo acabamento, estava defasada e saiu de linha em julho do mesmo ano deixando saudades para dar lugar a Royale – uma Quantum de segunda geração adaptada ao estilo Ford e transformada em três portas, que não fez sucesso.

11 comentários:

  1. Alguém sabe me informar marca e modelo do brake-light da Belina Ghia AP 1.8 89/90?

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  2. Boa tarde Rafael!O brake-light dos Del Rey e Belina com motor AP é fabricado pela Arteb.

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    1. Rui Ricardo, sim descobri que é arteb, mas questionando a própria arteb nem eles sabem a referência do produto para eu procurar. Não consigo achar em lugar nenhum. Estou desconfiado que seja o mesmo do escort XR3, mas não tenho certeza!

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  3. Tenho uma Belina 1990, precisa apenas de um dono que possa conservá-la

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    1. Tenho uma Ghia 89 prata. Toda conservada, apesar dos seus 283 mil km. Toda original, só estou trocando por itens novos originais quando acho, pois frisos acabam tendo riscos e amassados com essa idade. E o tal do brake light q não acho em lugar nenhum... a sua tem Adailton?

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    2. Rafa, a Belina do Adailton tem brake-light, pois é 1990. A sua é 1989 e portanto não o tem. Outra diferença é o motor. A Belina 90 tem o 1.8 e a 89 tem o 1.6.

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  4. Belina ambulância eu cheguei a ver uma ainda em atividade em 2002 na cidade catarinense de Rancho Queimado. Quanto à versão 4x4, o sistema de tração não era integral, tanto que se recomendava não acionar em pavimentos firmes.

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    1. O sistema de tração 4x4 da Belina foi uma fonte de dor de cabeça para os usuários, além de ser bem limitado.

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    2. Entre o ano passado e esse, eu cheguei a ver pelo menos 4 exemplares da Pampa 4X4. Duas estavam em perfeito estado, mas as outras estavam com só 1 tanque de combustível original e uma dessas tinha até sido convertida para gás natural com 2 cilindros no lugar do tanque traseiro. Me chama a atenção que esse sistema de tração, apesar dos problemas, foi relativamente bem aceito na Pampa mesmo tendo sido mais controverso na Belina.

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  5. Eu tenho uma Belina del rey L 1989, álcool CHT 1.6 azul Mistral, não vendo por dinheiro nenhum

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    1. Você tem bom gosto. A Belina é um carro excelente.

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