A campanha de lançamento da D-20 em 1985, estrelada pelo ex-jogador de futebol Oscar, ídolo do São Paulo na época.
A D-20 se destacava pela robustez, pela eficiência no serviço pesado e marcou época no mercado brasileiro. Nas fotos, a série especial Conquest, em duas fases: na de cima, a primeira, de 1992; na de baixo, em uma das reprises.
Uma A-20 caçamba longa de 1993: era mais prática pelo maior espaço para carga, mas deixava a desejar nas linhas desarmoniosas.
A versão cabine dupla, lançada em 1986: opção interessante para quem precisa conciliar o uso no trabalho com o uso familiar. Acima, uma Custom DeLuxe de 1990.
A série especial Champ 1, de 1994
Um exemplar de 1996, quando a D-20 ganhou garantia de dois anos e passou a ser fabricada na Argentina, como aconteceu com a dupla Escort/Verona naquela época.
Lançada em 1985, a série 20 de picapes era composta pelas versões A-20 (movida a álcool), C-20 (movida a gasolina) e D-20 (movida a diesel). As duas primeiras vinham com o motor 4.1 de seis cilindros da linha Opala/Caravan, que tinha com combustível vegetal, potência de 135 cv e torque de 30 mkgf, enquanto esses números com o combustível fóssil eram, na ordem, 118 cv e 28 mkgf. A versão movida a óleo tinha um motor Perkins de 3.9 litros, com 86 cv de potência e 27 mkgf de torque. Apesar do baixo desempenho que caracterizava esta versão (velocidade máxima de 120 km/h e aceleração de 0 a 100 em 30 s), e do alto nível de ruído, o bom torque era um destaque positivo, pois era a apenas 1.600 rpm. Novidade no modelo a diesel era o câmbio de cinco marchas, em que a primeira bem curta (relação de 6,33:1) funcionava como uma reduzida, para subidas íngremes e atoleiros, por exemplo. No uso normal saía-se em segunda. As versões a álcool e a gasolina tinham um bom desempenho para uma picape de cerca de 2 toneladas de peso, pois a velocidade máxima era de 140 km/h e a aceleração de 0 a 100 km/h era cumprida em menos de 20 s, números equivalentes aos de automóveis como o Uno Mille Electronic e o Del Rey Ghia 1.6 automático, e também de utilitários leves como a Chevy 500 DL. Mas o consumo era elevado, com média de 4 km/l. O estilo impressionava bem, com predomínio de linhas retas, pára-brisa mais inclinado do que o usual, capô em forma de cunha e agradável equilíbrio de proporções -- a não ser na versão de caçamba longa. Os faróis e as luzes de direção dianteiras eram os mesmos do Opala, enquanto as lanternas traseiras separavam, pela primeira vez no segmento, as funções de posição/freio, de direção (estas em cor âmbar para atender a legislação) e de ré. No teto podia vir uma espécie de alçapão, que se erguia para melhorar a ventilação interna. A nova série representava um largo passo também por dentro, com acabamento bem cuidado e banco dividido em 60/40, sendo a parte do motorista reclinável e com regulagem de altura. Surgiam espaços para pequenos objetos e a ventilação oferecia quatro velocidades. O painel era típico de automóvel, com sua conformação envolvente, voltada ao motorista, e seis módulos para os instrumentos. Dentro do conta-giros da D-20 havia o horímetro, um medidor de horas de funcionamento do motor, considerando uma hora como 100 mil rotações do virabrequim (o que ocorre a 1.600 rpm). Mecanicamente, a série 20 trazia suspensão dianteira independente de braços sobrepostos, pneus diagonais, freios dianteiros a disco e traseiros a tambor. Na linha 1986, a novidade era a versão Cabine Dupla, para atender aos usuários que queriam ao mesmo tempo um carro para trabalho e uso familiar. Tinha quatro portas, podia levar seis ocupantes e media 5,34 m de comprimento e 3,23 m de distância entre-eixos, ante 4,82 m e 2,92 m das versões com cabine simples. A caçamba, em contrapartida, era menor, com 1.450 litros em vez de 1.850. Não faltaram consumidores que compraram as picapes da Série 20 somente para ser carro familiar. Em 1987, a picape não teve maiores modificações. Para 1988, as versões básica e Custom foram renomeadas Custom S e Custom DeLuxe. A superior trazia acabamento interno mais requintado com a opção da cor vinho, vidro traseiro basculante, faixas laterais decorativas e rodas esportivas de 16 polegadas com pneus 215/80. Para 1989, atendendo a uma reivindicação dos clientes, a GM passou a ofertar a tração 4x4 para as picapes da série 20. Este item é importante para quem gosta de se aventurar no fora-de-estrada e para quem usa a picape como veículo de trabalho e precisa trafegar em terrenos difíceis. Eram poucas as opções de 4x4 naquela época: tinha somente o Bandeirante e a Pampa. A utilitária da Ford tinha um sistema limitado, sem reduzida, que só podia ser engatado em pisos de pouca aderência e usado com no máximo 60 km/h, uma vez que os diferenciais dianteiro e traseiro não tinham exatamente a mesma relação, e que veio a ser uma fonte de dor de cabeça para os usuários, ao contrário do jipe da Toyota, que era chamado de "indestrutível" e "tanque de guerra". A versão 4x4 da Série 20 podia ser comprada com os três combustíveis e com cabine simples ou dupla. A suspensão dianteira independente das versões com tração traseira permanecia, com ganhos em conforto e estabilidade em piso irregular, o que na suspensão de eixo rígido não é possível, pois a carcaça do diferencial limita o vão livre do solo. A tração dianteira era acionada apenas quando desejado, por uma segunda alavanca no assoalho que comandava também a reduzida. A roda-livre era de acionamento mecânico automático, dispensando o inconveniente de sair do veículo para operação nos cubos de roda. O diferencial traseiro era autobloqueante, o conhecido Positraction da GM. As juntas universais da tração das rodas dianteiras eram muito frágeis, e outro problema que também pesou contra as picapes 4x4 da série 20 foi o fato de que o fornecedor da tração 4x4 -- QT Engenharia e Equipamentos, de Barueri (SP), especialista no ramo -- não conseguiu uma solução adequada a tempo, por exemplo a adoção de juntas homocinéticas - eram usadas cruzetas, que não suportavam o peso do motor e estragavam facilmente, devido a fragilidade. Ou seja, esbarrou na durabilidade do sistema, como ocorreu com Pampa e Belina. Para a linha 1990, a Série 20 seguiu sem mudanças. No ano de 1991, chegaram novas molas traseiras e freio de estacionamento acionado por pedal. Em 1992, o motor Perkins cedeu a vez para os Maxion S4 (aspirado) e S4T (turbo), de 4 litros, cujas potências eram, na ordem, 90 cv naquele e 115 cv neste, que dava a D-20 máxima de 145 km/h, equivalente a de carros como o Chevette 1.4 e o Del Rey Ouro 1.6, e aceleração de 0 a 100 em menos de 20 s, como nas A-20 e C-20. Mas a série 20 começou a apresentar o peso da idade, pois foi apresentada a segunda geração da F-1000, sua concorrente direta. Foi oferecida a série especial Conquest, na cor Branco Nepal, com rodas esportivas, comandos elétricos de vidros e travas, logotipos adesivos e cobertura da caçamba. As versões de linha ganharam nova carcaça dos retrovisores externos. No ano seguinte, a novidade externa foi a frente redesenhada, com os faróis trapezoidais que equiparam o Opala entre 1988 e o ano anterior, quando este deu adeus ao mercado brasileiro. A embreagem de comando hidráulico e a direção hidráulica Servotronic, que equipou o primeiro carro de passeio da GM em seus dois últimos anos, eram as novidades na parte mecânica. Internamente, as mudanças eram novo painel, com o velocímetro e o conta-giros em um só módulo e os instrumentos menores em faixas laterais, além de luzes-piloto mais visíveis -- as anteriores podiam ser encobertas pelo volante. Também haviam itens como alarme, controle elétrico de vidros (este com temporizador), travas e retrovisores, volante regulável em altura e rádio/toca-fitas digital, além de rodas de alumínio aro 15 com novo desenho. A cabine-dupla trazia opção de bancos dianteiros individuais e reclináveis (como nas S10, Amarok, Ranger, Actyon, Hilux, Frontier e L200 oferecidas hoje) com encostos de cabeça vazados, e console central com porta-objetos e porta-copos. A série Conquest foi reprisada. Na linha 1994, chegou uma nova série especial: a Champ 1, que vinha na cor Vermelho Aruba e podia ser comprada com motor aspirado ou turbo. Trazia novos pára-choques, interior com padronagem de revestimento exclusiva, volante com regulagem de altura e santantônio. Para 1995, ao completar 10 anos de vida, as mudanças se limitaram a mecânica: a D-20 ganhou o motor S4T Plus, com 150 cv de potência e 46 mkgf de torque, que deu um desempenho ainda melhor e a levou a um patamar inédito para uma picape a diesel. Outra novidade foi o sistema antitravamento (ABS) nas rodas traseiras, o que se por um lado evita o travamento dessas rodas com a caçamba descarregada, por outro tem o inconveniente de não garantir a dirigibilidade que se espera desse sistema. A série Conquest foi oferecida novamente. Para a linha 1996, a produção das picapes da Série 20 foi transferida de São José dos Campos (Vale do Paraíba, interior paulista) para a Argentina, como aconteceu com a linha Escort/Verona no mesmo ano e com o Prêmio no ano anterior. Esta mudança se fez necessária, para abrir espaço a linha S10/Blazer. A C-20 recebeu o motor 4.1 com injeção multiponto (o mesmo da linha Omega/Suprema e que também equipou a Silverado), aposentando o carburador. A garantia de fábrica passou de 1 para 2 anos, assim como aconteceu com o Monza, o carro mais antigo da linha GM à época. As picapes da Série 20 foram apresentadas oficialmente para a linha 1997, mas já tinham 12 anos de carreira e estavam superadas, apesar de ser um sucesso absoluto e de ter conquistado muitos adeptos. Em março do mesmo ano, a Série 20 deu adeus ao mercado, deixando saudades, e cedeu seu lugar para a Silverado, que modernizou o segmento de picapes pesadas, mas teve pouco sucesso.
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