O EcoSport marcou época por ser o primeiro utilitário-esporte compacto e fez sucesso imediato, em especial devido ao estilo. Mas só podia ser comprado na hora com ágio de R$ 5.000. Na foto, a versão 1.0 Supercharger, que não foi bem aceita por ter péssimos desempenho, acabamento e consumo.
Lançado no início de 2003, o EcoSport abriu o segmento dos utilitários-esporte compactos, repetindo o que a General Motors fizera em 1995 com a S10, que foi a primeira picape média brasileira. O jipinho é derivado da segunda geração do Fiesta, lançada no ano anterior, vinha em acabamentos XL, XLS e XLT, e podia receber os motores 1.0 Supercharger (95 cv e 12,6 mkgf), 1.6 (98 cv e 14,3 mkgf) e 2.0 de quatro válvulas por cilindro (143 cv e 19,2 mkgf). O de entrada era equipado com direção hidráulica, cintos de segurança laterais traseiros de três pontos, vidro traseiro térmico com limpador/lavador/desembaçador, regulagem de altura do volante e do banco do motorista, banco traseiro bipartido, pára-choques e retrovisores sem pintura, aquecedor, conta-giros e rodas de aço estampado aro 15 com pneus 205/65 e supercalotas. Haviam duas opções de motor, a de 1 e a de 1.6 litro. O intermediário só vinha com a segunda motorização, não trazia supercalotas e adicionava ar-condicionado, vidros dianteiros/traseiros, retrovisores externos e trava central com controle elétrico, faróis de neblina e terceira luz de freio (brake-light). O de topo podia receber os propulsores 1.6 ou 2.0 - este opcional, e trazia a mais rodas de alumínio, pára-choques e retrovisores pintados na cor do carro, freios com sistema antitravamento (ABS) quando equipado com a unidade motriz de 2 litros, duas bolsas infláveis e bancos revestidos em couro. O EcoSport logo conquistou os consumidores por ter linhas bonitas e modernas, posição elevada de dirigir (muito apreciada sobretudo pelas mulheres), bom espaço interno e altura em relação ao chão (20 cm). Mas decepcionava em acabamento interno e externo, com materiais de revestimento de baixa qualidade que geravam ruídos, bancos pequenos que não seguram bem o corpo, porta traseira barulhenta e casos de faróis que apresentaram infiltrações. O consumo era muito alto, sobretudo na versão 1.0, e o peso elevado do Eco exige mais do motor de menor litragem, o que resulta em gasto com combustível próximo ao do 1.6 sem um desempenho aceitável. O coeficiente de penetração aerodinâmica (Cx) deste Ford é de 0,41, equivalente ao do Escort XR3 Conversível de 1985, cujo modelo com teto de aço tinha Cx melhor (0,38) e pesava 70 kg a menos que o de capota. Para a linha 2004, foi introduzida a versão 4WD, com tração 4x4, motor de 2 litros e os mesmos itens do XLT. O sistema de tração integral tem uma tecla no painel que divide a potência em 50% para o eixo dianteiro e outros 50% para o eixo traseiro. Esta versão do EcoSport não foi projetada para trilhas, lamaçais, atoleiros e dunas, uma vez que deriva de um automóvel e não tem outros itens importantes para o uso fora-de-estrada, como a reduzida presente na Ranger e em outros utilitários maiores. Resumindo: se tratava de um sistema mais limitado, como o que equipou a Belina e a Pampa, mas nestas a tração suplementar deixou a desejar em confiabilidade e durabilidade, e só se podia dirigir a no máximo 60 km/h em operação 4x4, uma vez que os diferenciais dianteiro e traseiro não tinham exatamente a mesma relação. Para 2005, não teve mudanças no início. Ainda no primeiro semestre deste mesmo ano, o motor 1.6 passava a ser flexível em combustível, com 111 cv de potência e 15,2 mkgf de torque a álcool. Com gasolina, estes valores eram os mesmos da mecânica monocombustível. Na mesma época, a versão de 1 litro disse adeus, o que se deve a sua baixíssima aceitação. Na linha 2006, não teve alterações e foi introduzida a série especial FreeStyle, que fez sucesso e virou versão de linha, o que ocorrera com Kadett Sport e Saveiro Summer, respectivamente, em 1995 e 1996. Para 2007, chegou a oferta de transmissão automática, muito bem-vinda num carro que tem a embreagem como fonte de problemas crônicos. Na linha seguinte foram feitas mudanças estéticas: pára-choque dianteiro, grade e faróis com novo desenho e elementos redondos nas lanternas traseiras. Para a linha 2009, o motor 2.0 passava a ser flexível em combustível, com 145 cv de potência e 19,5 mkgf de torque com combustível vegetal. Usando o derivado de petróleo, esses números eram de 141 cv e 19 mkgf, na ordem. A linha 2010 trouxe como novidade a garantia de 3 anos, muito interessante. No ano seguinte, a Ford fez recalls para substituir a fechadura da porta traseira e os coxins de fixação da transmissão automática. Não foram feitas mudanças técnicas nem de estilo. Para 2012, o EcoSport teve sua linha normalmente apresentada sem alterações, e em setembro, sua geração inicial, apesar do sucesso marcante, tinha quase uma década de vida e saiu de linha para dar lugar ao modelo atual.