segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Gol de primeira geração (1980 - 1996)

Este é o primeiro Gol, lançado em 1980: as linhas eram modernas para seu tempo, mas o desempenho do motor 1.3 refrigerado a ar deixava a desejar.
A versão CL, campeã de vendas da linha Gol: se destacava pela robustez e pela economia de combustível. Podia vir tanto com motor 1.6 como 1.8.
O Gol 1000, lançado em outubro de 1992 para enfrentar os dois concorrentes apresentados naquele ano - o Chevette Junior da GM e o Supermini da Gurgel, além do Uno Mille que estreou dois anos antes.
Um GTi de 1993, na cor Amarelo Sunny: excelente desempenho, com números de velocidade máxima, aceleração e retomada ótimos, em que pese a idade do projeto (tinha 13 anos à época) e a aerodinâmica deficiente, com Cx de 0,45.

As duas fases do Gol Copa: em cima, o modelo lançado em homenagem ao Mundial de Futebol da Espanha, em 1982; embaixo o de 1994, sobre a Copa do Mundo dos Estados Unidos, na qual a Seleção Brasileira levantou a taça do tetra.
O Gol Furgão, versão utilitária lançada em 1981 e vendida geralmente a frotistas. Note a ausência dos vidros laterais traseiros. Este Gol tinha câmbio de 4 marchas mas vinha com vidro na porta traseira, ausente em anos anteriores e opcional do Uno Furgão, seu concorrente direto. Durou até 1995.
O Gol Star, série especial oferecida em 1989. Vinha nas cores Branco Star e Vermelho Daytona (foto), com calotas integrais, grade e retrovisores externos pintados na cor do carro e acabamento interno de padronagem exclusiva. A mecânica era a mesma do GTS.



Lançado em 1980, o Gol em sua primeira geração era oferecido em acabamentos básico e L. Este oferecia itens adicionais como cintos dianteiros retráteis de três pontos e rádio AM mono. O desenho era moderno, com frente em cunha, faróis e lanternas pequenos e pára-choques metálicos cromados (sendo o dianteiro com luzes de direção integradas). O motor era o 1.3 refrigerado a ar - o mesmo do Fusca, com 42 cv e um só carburador, mas posicionado na frente, que não condizia com a proposta de modernidade do carro e tinha um desempenho sofrível, com velocidade máxima de 130 km/h e aceleração de 0 a 100 em 22 segundos, apesar do bom torque em baixa rotação e do baixo peso. A tração era dianteira, e a caixa de câmbio de 4 velocidades dispensava troca de óleo por toda a vida útil do veículo. O espaço interno era reduzido, mas em contrapartida o porta-malas tinha bom espaço, graças ao estepe junto ao motor, e podia ser ampliado rebatendo o banco traseiro. O consumo em velocidade constante de 80 km/h era de cerca de 16 km/l. Apesar das qualidades, o novo compacto da Volkswagen deixava a desejar, ficando em flagrante desvantagem em relação a Fusca e Brasília, em que pese estes serem mais antigos. Os pneus eram radiais 155/80-13, e as suspensões eram McPherson com subchassi e barra estabilizadora na dianteira e eixo de torção na traseira. A direção vinha com raio negativo de rolagem e os freios tinham duplo circuito em diagonal, com disco na frente. Para a linha 1981, o motor 1.3 foi substituído pelo 1.6 com dois carburadores, ainda arrefecido a ar, e a nomenclatura das versões passou a ser S e LS. A nova motorização tinha potência e torque de 51 cv e 10,5 mkgf, na ordem, que dava velocidade máxima de 145 km/h e 15,5 s para acelerar de 0 a 100. Obtinha-se melhor consumo que nos Gol 1.3, uma vez que a unidade de maior cilindrada trabalhava com regimes de giro menores e pedindo menos trocas de marcha. Barra estabilizadora dianteira, pneus radiais e servo-freio, que eram opcionais com o motor menor, tornaram-se itens de série. Foi apresentada a versão Furgão, vendida geralmente para uso comercial. Mas o alto nível de ruído permanecia. Para o ano seguinte, a montadora de Wolfsburg não parou de investir no hatch, que ganhou ainda mais espaço com a descontinuação do Brasília. Este poderia permanecer como o modelo de entrada da marca alemã no lugar do já ultrapassado Fusca. No mesmo ano foi lançada a série especial Copa, em homenagem ao mundial de futebol da Espanha, com faróis de neblina, conta-giros, rodas de alumínio, logotipos adesivos e o pomo da alavanca de câmbio imitando uma bola de futebol. O motor 1.6 a ar permanecia, e a cor externa era azul metálico. A oferta do motor 1.3 desapareceu. Na linha 1983, não chegaram mudanças significativas. Para 1984, a novidade era o esportivo GT, que tinha bancos Recaro com regulagem de altura para o motorista, console com relógio digital, grafia dos instrumentos em vermelho, volante de quatro raios, rodas aro 14 com pneus 185/60, aerofólio, vidro traseiro térmico com limpador/lavador/desembaçador, tomada de ar nos vidros laterais traseiros, escapamento com dupla ponteira e faróis de longo alcance redondos. A frente era a mesma de Voyage e Parati, pois o motor desta versão era o 1.8 que equipou o Santana lançado quase ao mesmo tempo, mas com diferenciais técnicos: este Gol tinha um comando de válvulas esportivo (o mesmo do Golf GTI), que lhe dava 99 cv de potência e 14,9 mkgf de torque, com o que se obtinha um bom desempenho para a época: 180 km/h de velocidade máxima e 9,7 s para cumprir a aceleração de 0 a 100 km/h. Sua suspensão tinha calibragem mais firme com amortecedores de maior carga, novas molas e barra estabilizadora mais grossa na dianteira, como é regra em carros esportivos. Os freios tinham pinças maiores e a direção tinha relação mais alta, para dar mais leveza e suavidade nas manobras. Destoava do conjunto do Gol GT apenas o câmbio de 4 marchas, pois o motor era esportivo e o torque se manifestava a regimes de rotação maiores. Na linha 1985, as novidades eram o motor 1.6 com refrigeração a água de 80 cv e 12,5 mkgf (com álcool), como em Voyage, Parati e Saveiro LS, e o câmbio de cinco marchas (com escalonamento fechado no GT e aberto nos Gol comuns exceto o de entrada, Voyage, Parati e na versão superior da Saveiro). O acabamento S da picape e o BX mantinham a unidade motriz boxer. Com a nova mecânica, o compacto melhorou pra valer em desempenho, consumo e nível de ruído, mas as bielas ainda eram as mais curtas, o que trazia vibrações e funcionamento áspero. A estabilidade da versão a ar ainda era melhor, uma vez que tinha motor mais leve (98 kg ante 124,5 kg da motorização a água), distribuição de peso entre os eixos equilibrada (50:50) e centro de gravidade mais baixo. Um inconveniente do novo motor era ser mais alto e volumoso, fazendo o estepe ser alojado na lateral do porta-malas e tomando espaço deste. Para 1986, chegaram os motores AP-1600 e AP-1800. Bloco e cabeçote em ambas as cilindradas eram os mesmos. O de menor litragem tinha uma relação r/l de 0,26, funcionamento suave sem vibrações, potência de 90 cv e torque de 13 mkgf a álcool. Com gasolina, estes números são, na ordem, de 80 cv e 12,5 mkgf. Já o maior ganhou relação r/l de 0,30, fazendo vibrações e aspereza virarem passado. O GT recebeu faróis de neblina e volante "quatro-bolas", o mesmo do Santana, mas estranhamente tinha econômetro e não um marcador de pressão de óleo. Afinal, um esportivo é um tipo de carro que costuma ser mais exigido e cujos compradores não prezam baixo consumo. Para 1987, mudou a nomenclatura das versões de BX, S, LS e GT para C, CL, GL e GTS. A frente mudou com novos faróis, grade e capô, os pára-choques passaram a ser envolventes em plástico injetado e as lanternas traseiras ficaram maiores. O GL recebia supercalotas quando não fosse equipado com rodas de alumínio. O único detalhe que destoava dessa atualização era a permanência do painel antigo, o mesmo da mal-sucedida Variant II. A motorização refrigerada a ar virou passado, tornando-se exclusiva da Kombi, e o modelo pequeno da marca do carro do povo tornou-se campeão de vendas, posição nunca mais perdida. No ano seguinte, o acabamento C desapareceu e chegaram novos retrovisores e painel - os mesmos do médio da VW, e novas padronagens do estofamento. As versões superiores tinham o painel com os comandos iguais aos do Fox (o Voyage então exportado para os Estados Unidos e o Canadá), e as rodas de alumínio do GL eram redesenhadas, o que ocorrera com as do CL em meados do ano. Na linha 1989, o destaque ficou por conta da chegada do Gol GTi, que tinha motor 2.0 (o mesmo do Santana, mas com 120 cv), e foi o primeiro carro nacional a usar injeção eletrônica. Além disso, o novo esportivo foi líder em velocidade máxima, aceleração e retomada. A GM respondia em abril com o Kadett GS, que quebrou um jejum de cinco anos sem novos lançamentos, era moderno e tinha boa aerodinâmica - Cx de 0,30, ante 0,45 do Volkswagen, que sentia o peso da idade. Já a Ford apresentou em maio daquele ano o Escort XR3 com motor AP-1800, pois com o 1.6 de origem Renault o desempenho era ruim para um carro que tem proposta de esportividade, o que também acontecia com o Uno 1.5 R. O restante da linha seguiu sem mudanças. Veio a série especial Star, nas cores Branco Star e Vermelho Daytona, com motorização 1.8, grade e retrovisores externos pintados na cor do carro, calotas integrais e interior com acabamento exclusivo. Em 1990, o Gol completou 10 anos, foi eleito Carro do Ano pela revista AutoEsporte e recebeu o motor AE-1600 (antigo CHT da Ford) no lugar do AP-1600. Este permaneceu em produção, mas destinado exclusivamente as versões exportadas - um prenúncio do que ocorreria em 1996 com o Corsa, cujo motor 1.4 fora retirado do mercado interno. O acabamento intermediário agora vinha com a unidade de 1.8 litro. Para 1991, chegaram novos capô, faróis e grade (sem melhorar a aerodinâmica), luzes direcionais dianteiras incolores, novas supercalotas e painel do Fox no GL, novas rodas de alumínio de desenho orbital no GTS e no GTi, opção de motor AP-1800 para o CL e a porta traseira passava a ser lisa. No ano seguinte, o compacto da VW recebeu catalisador para atender as normas de emissões antipoluentes. A General Motors introduziu a injeção multiponto em seu esportivo, agora chamado Kadett GSi. Em 1993, as rodas dos GTS e GTi passaram a ser as raiadas tipo BBS, as mesmas da versão GLS de Santana e Quantum. Foi introduzido o carburador eletrônico (só nas versões acima de 1 litro), que dispensava o afogador, mas deu muitas dores de cabeça aos usuários. A motorização AP-1600 retornou em meados do ano. Grade e pára-choques passaram a vir na cor cinza em vez de preto, e chegou a versão 1000, com acabamento despojado, para enfrentar o Uno Mille e o Chevette Junior - lançados, respectivamente, em setembro de 1990 e março de 1992. Este Gol eliminava itens como o marcador de temperatura, e o retrovisor externo do lado do passageiro era opcional. O motor 1.0 tinha 50 cv de potência, 7,3 mkgf de torque e potência específica de 50,1 cv/litro. No 1.6, estes números eram, respectivamente, 72 cv, 12,6 mkgf e 46,3 cv/litro. Aquela mecânica se diferencia tecnicamente desta por ter outras camisas dos cilindros, bielas mais altas, virabrequim com raio de giro mais curto e dutos do coletor de admissão menores. As válvulas de admissão tem menor tamanho, mas as de escapamento são as mesmas do modelo de motor maior, e o carburador recebeu outra regulagem, além do eixo-comando com menor duração do tempo de abertura das válvulas. Mudaram as padronagens dos estofamentos, as supercalotas e rodas de alumínio (opcionais) da versão GL. O segmento esportivo continuou se modernizando, pois a Ford remodelou seu Escort XR3, que agora vinha com mecânica de 2 litros, assim como o adversário da marca da gravata. Já a Fiat apresentou o Uno 1.6 R mpi, mais potente, mas que ficava em desvantagem em desempenho. Em novembro a GM aposentava o Chevette, que tinha 20 anos. Para 1994, chegaram as ofertas de direção hidráulica e de novas cores externas. A faixa popular também se atualizava, com a chegada do Corsa em fevereiro - Uno Mille e Escort Hobby não escondiam a idade. Em abril, foi oferecida a derradeira e regressa série especial Copa, com motor AP-1600 (que retornou a linha), aerofólio e retrovisores na cor do carro, rodas de aço aro 14 com supercalotas do Santana CL e pneus 185/60, encostos de cabeça vazados, estofamento com padronagem diferenciada, faróis de longo alcance redondos, pára-brisa com faixa degradê, lanternas traseiras fumê, painel completo, volante esportivo e pintura metálica Azul Celeste. Na linha 1995, a geração inicial do Gol permanece em produção normal, mas apenas nas versões 1000 e Furgão, ambas alimentadas por carburador. O popular recebeu luzes direcionais dianteiras na cor âmbar, o utilitário saiu de linha em meados do ano e as demais passaram a nova geração. O ano de 1996 foi o último do primeiro Gol, que agora só vinha com motor 1000, já tinha 16 anos e estava defasado, apesar das qualidades, pois a concorrência se modernizou, com o lançamento do Corsa dois anos antes, e também com o dos que surgiram no mesmo ano - Palio e Fiesta. O Fiat tomou o lugar de todas as versões acima de 1 litro do Uno, que permaneceu só na Mille, e o Ford preencheu a lacuna deixada pelo Hobby, descontinuado em março, enquanto os Escort superiores passaram a vir da Argentina via Mercosul.